Apesar do anúncio de reabertura em 20 dias feito em 04 de outubro pelo prefeito Marcelo Crivella, as portas da Biblioteca Parque da Rocinha – C4 permanecem da mesma maneira que nos últimos dez meses: fechadas. O projeto, referência em cultura na favela, tem feito falta para os moradores.
Marcelo Crivella visitou a Rocinha depois dos intensos confrontos armados ocorridos na comunidade que aconteceram no fim de setembro. Na presença do secretário de estado de Cultura André Lazaroni e da secretária municipal Nilcemar Nogueira, o prefeito firmou parceria com o Governo Pezão e prometeu reabrir a Biblioteca Parque da comunidade em, no máximo, 20 dias. Antes disso, em 28 de setembro, a Prefeitura do Rio já havia anunciado, através do Diário Oficial, um conjunto de revitalizações na favela – lá, já constava, entre as medidas, também a reinauguração da biblioteca. No entanto, o centro cultural segue trancado.
A Biblioteca Parque da Rocinha – C4 é uma das três BPs do Rio fechadas atualmente. As Bibliotecas Parque Estadual e de Manguinhos completam a lista. Ela foi inaugurada em 2012. Com 1,6 mil metros quadrados, possui cinco pisos, DVDteca, cineteatro, sala multiuso para cursos, estúdios de gravação e edição audiovisual, setor de leitura e internet comunitária, cozinha-escola e café literário.
O espaço levava desenvolvimento cultural aos moradores da favela através do fácil acesso a livros, literatura, artes plásticas, cinema e teatro. A população local, principalmente as crianças, sofrem com a sua ausência da C4, pois esta era uma maneira de também retirá-las das ruas.
Monica Behague, moradora da Rocinha e ex-coordenadora de programação cultural durante quase quatro anos na C4, lembra que os pequenos eram maioria. “O público era variado, mas composto principalmente por crianças e jovens que iam ler, fazer empréstimos de livros, ver filmes, usar internet, participar do programa educativo, de aulas de música. Muitos também eram membros de grupos de teatro e dança”.
A comunidade ainda aguarda a reabertura da biblioteca e deposita suas expectativas na ex-funcionária:
– Como sou moradora da Rocinha, é possível ver o quanto está fazendo falta para todos, pois quase que diariamente na rua nos perguntam quando a biblioteca irá reabrir. É um espaço cultural de convivência, de aprendizado, de troca de experiências, com o grande objetivo de ampliar a leitura e o conhecimento das pessoas, resume.
Procuradas, as assessorias da secretarias de Estado e Municipal de Cultura não foram localizadas para comentar o assunto.