Arroz, Feijão e Cinema Ponto Cine uma luz no “FIM…”

Adaílton Medeiros, administrador do Ponto Cine / fonte: Caroline Cezar

Primeira sala popular de cinema digital do Brasil fecha as portas por falta de Recursos

No começo de fevereiro o “Patrimônio Cultural de Guadalupe Ponto Cine” começou a sentir o impacto tanto da violência na região e as dificuldades de captação de recursos e anunciou seu fechamento na terça-feira passada.  O projeto começou entre 2002 e 2003 por Adaílton  Medeiros, o administrador do cinema com a proposta de exibir apenas filmes nacionais; ganhando sua primeira exibição na praça de alimentação no Guadalupe Shopping atraindo ao espaço 800 pessoas que no âmbito geral passavam em torno de 30 pessoas. Devido ao sucesso, o dono do espaço fez uma proposta para que Medeiros pudesse realizar uma segunda exibição.

Mencionado por Medeiros as declarações que ele sempre escutava eram que o público suburbano não tinha condições de assistir um bom filme, um bom espetáculo pela falta de cultura, de compreender o que seria exibido. Medeiros queria justificar que essas afirmações eram errôneas e que a questão não era intelectual e sim de oferta, de “bolso” e oportunidade.

Com a segunda exibição com o filme Deus é Brasileiro de Cacá Diegues o espaço foi contemplado com 1000 pessoas que foram assistir ao filme. Para atrair o público depois da inauguração da sala de cinema no mesmo local, Medeiros teve uma ideia de lançar um Jingle com a música do Homem-Aranha- Mais barato que duas cervejas, mais barato que uma cartela de ovos. As pessoas começaram a ir ao local por curiosidade e foi daí que surgiu o conceito “ARROZ & FEIJÃO & CINEMA”. O cinema é o alimento básico que alimenta a alma das pessoas e fortalece a consciência de um país.

O sentimento é que o espaço além de um Cinema, é uma oferta à dignidade das pessoas, em que elas devolvem a sua cidadania e o amor. Em uma amostra de cinema uma senhora chamada dona Maria Aparecida moradora da região foi questionada por um jornalista, o que o Ponto Cine representa na sua vida? Tendo em vista a perda do meu esposo, do meu filho que frequentavam o Ponto Cine, se esse menino Adaílton me deixar colocar uma casinha aqui dentro, eu moraria por ser um local de sobrevida para mim.

Tomado pela emoção, Medeiros relata a esperança em voltar com as atividades que é um projeto de vida para ele, acordo e durmo cinema; antigamente sabia tudo, depois sabia de cinema, hoje só sei de Ponto Cine.

Se não conseguirmos reverter essa situação será uma parte de mim que irá morrer, não posso deixar isso acontecer. A minha luta contra o fuzil é uma tela, se não tiver apoio de um ponto representativo para as pessoas da região com projetos paralelos; como oficinas para jovens, debates com cineastas, biblioteca será uma grande perda cultural e educacional.  Um projeto de lei protocolado em Patrimônio Cultural e Histórico do Estado está sendo analisado e estamos esperançosos com essa possibilidade de voltarmos com as nossas atividades.