O Domingo passado, 29/09, foi de sol chamativo para uma programação na praia, mas alguns jovens decidiram atender foi ao convite da mostra“ Desculpe o barulho, mas aqui tem jovens procurando arte”, que reuniu mais de dez grupos artísticos de crianças, adolescentes e jovens de diversas idades e bairros periféricos da capital baiana, na exibição de talentos, no Primeiro Encontro da Juventude do bairro de São Marcos.
A quadra esportiva do colégio Cleriston Andrade foi o palco onde os artistas se apresentaram para familiares, amigos, e a comunidade. Grupos de: dança, percussão, poesia, música e teatro envolveram todos os presentes que aplaudiam e gritavam durante as performances artísticas. A abertura da atividade ficou por conta da apresentadora “Amora Savash”, travesti, mostrando que o evento era de diversidade com espaço para todos.
O grupo de coral evangélico CEFAB foi o primeiro a se apresentar com louvores e agradecimentos a Deus por aquele encontro cultural onde tinham vários jovens mostrando seus trabalhos. Vindos do bairro de Cana Brava, aos comandos do coordenador Carlos Augusto, conhecido como Caum do samba, o grupo de percussão Tambores da Cana, embalaram a turma com as batidas. Fernanda Aráujo (percussionista da banda Didá), também facilitadora do grupo, ressaltou que é muito gratificante ver aquelas crianças e adolescentes se apresentando e desenvolvendo o que estão aprendendo com eles.
Emocionada, a coordenadora do Encontro, Ana Cristina Santos (conhecida como Bolinha), saudou a todos com agradecimentos por aquele momento especial. “ Hoje, Domingo, é muito importante, e emocionante ter a presença de cada um de vocês; aqui na comunidade tem jovens com muitos talentos que só precisam de oportunidade”. Esse momento é para vocês.
A jovem Isaiane Fonseca, 19 anos, também foi uma das organizadoras da atividade. “ Eu estou aqui a convite da professora Bolinha. Eu participei do projeto porque é um jeito de tirar as pessoas das drogas e mostrar talentos. Com um sorriso no rosto finalizou dizendo: é estressante, mas é ótima essa experiência.
O poetista, França Mahin, 18 anos, do bairro de Mata Escura, declarou que “o encontro mostra que a juventude não quer só festa, mas também quer produzir arte. Um evento como esse a mídia não está aqui cobrindo e dando sua devida importância”. Maiara Silva, 24 anos, que recitou poesia com França, destacou que a “arte é um caminho de despertar o senso crítico. ”
A atividade também contou com a presença de representantes do poder público e da sociedade civil. Morador do bairro São Marcos, o advogado e conselheiro tutelar, Elder Costa, esteve prestigiando o evento e enfatizou que sem o conselheiro tutelar não se consegue avançar para lutar pelos direitos das crianças e adolescentes. Segundo dados de 2017 do Instituto Brasileiro de Geografia, existe cerca de um milhão de pessoas com menos de 18 anos em Salvador, os Conselhos Tutelares fazem em média 800 mil atendimentos por ano por conta da vulnerabilidade e demanda de políticas públicas.
Marina Duarte, vice-presidente da Unegro- União de Negros Pela Igualdade, declarou que a periferia não é só o que aparece na mídia. “Aqui nessa comunidade de pessoas tão aguerridas, tem gente muito talentosa fazendo arte e resistência”. Cilene Assis, ouvidora da Defensoria Pública do Estado da Bahia, destacou que “um evento como esse resgata a autoestima e que os jovens na arte vão de encontro as estatísticas do crime”. Assim como os jovens artistas, Cilene lamentou a ausência da grande mídia. A ANF- Agencia de Notícias das Favelas foi a única mídia presente na cobertura do evento.