Domingo, dia de segundo turno das eleições para a prefeitura de uma das mais importantes capitais do país. Temos dois Marcelos, porém, Crivella e Freixo são dois candidatos com propostas e posturas bem diferentes, já que suas histórias de vida também são distintas. Diferente também foi a arrecadação de doações para as campanhas.
Em tempos de denúncias de corrupção e proibição de financiamento por empresas, é importante dizer que o perfil das doações de campanha de Marcelo Crivella é adverso e traz um fato, no mínimo, estranho. Enquanto Marcelo Freixo teve quase 15 mil doadores, fazendo dessa a maior campanha de doação em número de pessoas do país, apenas 70 pessoas fizeram doações para a campanha de Crivella, entre eles, o empresário do setor de construção Rogério Chor e Mauro Macedo, que foi tesoureiro de Crivella no passado e é primo do Bispo Macedo. Mas aqui reside o inusitado: nove destes doadores figuram entre os beneficiários da lista de pagamentos da própria campanha. Outro dado que impressiona é que os valores e as datas de doação e pagamento são idênticas. Ou seja, nove pessoas doaram e receberam o mesmo valor no mesmo dia.
Além disso, enquanto a campanha de Marcelo Freixo recebeu somente 19% da arrecadação da direção nacional do PSOL, a campanha de Crivella recebeu exatos R$7.072.374,81, o que representa 97% do total arrecadado. Infelizmente, só poderemos saber no ano que vem de onde veio a grande quantia de dinheiro que o candidato recebeu da direção nacional do PRB, quando os partidos prestarão contas do ano anterior.
Procurada, a assessoria de Marcelo Crivella afirmou que “não existe irregularidade alguma na campanha”, conforme “dito pelos juízes eleitorais do TSE e do TRE”. Só não esclareceram o porquê de nove pessoas receberem os mesmos valores, nas mesmas datas em que se declararam doadores e das mesmas quantias.
Os dados estão disponíveis para consulta no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).