Estampado na cara do médico estava dito:
“Está doente, é o veredito!”
Daquelas coisas que “filme de fazer chorar” te diz.
Não queria que fossem manual para mim.
Não agora!
Não comigo!
Eu só tenho 13, amigo.
Ainda nem aprendi o que é ser feliz.
E meus amigos?
E quem está ao meu redor?
Não podia pensar no pior.
Sempre tive medo de ficar só.
E meu sonho de ser astronauta?
Não desejo a pena de ninguém.
Há pouco minha mãe dizia:
“Ah menino peralta, sê valente, meu bem.”
Aquelas brancas paredes,
Me contavam histórias de quem já esteve…
na mesma situação.
Já não aguentava a radiação.
Quimioterapia, radioterapia, meus cabelos caíam
e eu pedia perdão.
No hospital, clamava a Deus o suficiente
para que Ele me ouvisse.
Algo tão alto a fim de que a dor sumisse.
Doía tanto que qualquer sorriso me faria melhor.
Me lembro das brincadeiras dos palhaços Altinho
e Menor.
Pensava em fugir,
as estrelas estavam tão próximas.
O céu é o lugar mais tranquilo que elas me mostravam.
Será que era essa é a proposta?
Não tenho a resposta.
Mas depois de anos de combate,
por um milagre,
aqueles remédios me fizeram efeito.
Eu gostaria que todos tivessem a mesma sorte.
É triste ver que a vida se perde
quando o corpo entra em desordem.
Um recado especial para quem
em nenhum momento se importa:
“Srª Morte, a vida é tão boa,
me solta!”