rei
Crédito: ANF

Em um reino,
bem perto do distante,
um rei
estava bem desagradado
com a quantidade de gatos
que cercavam seu reinado.

Fez uma lei
que proibia felinos;
os pequenos, os grandes
nenhum era bem-vindo,
mas foi avisado
do motivo que atraia
aquela horda de gatos.
Era o leite derramado
pelo leiteiro desastrado.

Então, o Rei fez outra lei…
Dessa vez, proibiu que o leite
e o leiteiro
Pisassem no seu reino.
Sem leite!
Sem gato!
Problema solucionado?
Não,
Sua sogra adorava colocar
leite no chá,
E se ela não o encontrar?

O Rei pensou bem
a tinta até já encontrava o papel.
Criou uma nova lei
e, dessa vez,
proibiu o consumo de chá.
Havia tantas outras bebidas
A velha não ia se importar.

Sem gatos!
Sem leite!
Sem chá!
Poderia agora dormir aliviado?
Não,
Chá era a principal bebida
servida nas festas do reinado.

“Meus Deus!”, pensou indignado
“Isso não acaba nunca!”
Achou ter dado um ponto final
quando criou uma lei
avisando que não haveria festa alguma.
“Os festejos estão proibidos!”

Atraiu a fúria de amigos e inimigos.
Aí criou uma lei que proibia a amizade,
Mais tarde
Uma que proibiu a plantação de tomate
e outra que proibia
a proibição social das pessoas perguntarem a idade.

Quando já não tinha tinta e nem papel
se viu só e com aquela pena seca na mão.
Queria mais um pouco de qualquer pigmento
para poder proibir a solidão…
Mas não podia.

Queria uma lei
para exigir que ninguém
passasse um dia sequer infeliz.
Ou uma
para fazer o tempo voltar,
mas o poder da lei da vida
Ninguém consegue dominar.

Pobre do Rei…
Se viu só em sua realeza
Esqueceu-se de enxergar
a própria grandeza
e fazer bom uso dela.

Percebeu que ainda havia
um pouco de tinta no tinteiro
E criou uma lei para que o mundo inteiro
Não repetisse o seu erro.

– Decreto a opcional obrigatoriedade
de todos os cidadãos e cidadãs
viverem plenos, donos de si mesmo,
em total felicidade.

Matéria publicada originalmente no jornal A Voz da Favela edição (setembro/2021)

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Anderson Shon
Graduado em Comunicação Social - Publicidade e Propaganda pela Faculdade da Cidade do Salvador, Anderson Shon, atualmente, é professor do Centro de Educação Ávila Góis, professor - Canto de Estudo, professor do Instituto Bom Aluno da Bahia e professor - Educandário Helita Vieira. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação Anderson Mariano é escritor e professor. Lançou o livro Um Poeta Crônico no final de 2013 e, desde lá, já apareceu em coletâneas de poesia e de contos. Já ministrou oficinas em diversas feiras literárias da Bahia e é figura certa nos saraus de Salvador. É apaixonado por literatura e produz contos para abastecer o andersonshon.com. Em 2019, lançou o Outro Poeta Crônico, continuando sua jornada no mundo da literatura. Além de escritor, Anderson Shon é professor de redação e escrita criativa, sendo o professor com maior número de alunos premiados no Concurso de Escritores Escolares e, em 2018, lançou um livros de contos e poesias com os alunos do colégio estadual Conselheiro Vicente Pacheco do bairro de Dom Avelar. Anderson entende que ser professor não é uma profissão, é uma missão e que os livros são os melhores amigos que um estudante pode ter.