Na última semana o prefeito Marcelo Crivella, do slogan “vamos cuidar das pessoas” produzido por algum marqueteiro muito bem pago mas de gosto duvidoso, voltou a mostrar a forma como vê e categoriza as pessoas, bem ao padrão do homem branco rico do asfalto – sim Crivella é tudo isso.
Crivella possui em sua base aliada um suplente de vereador da favela do Jacarezinho, com as últimas eleições este foi alçada a titular do cargo. Na tentativa, isso na melhor das hipóteses, de agradar ao vereador e a sua base eleitoral o prefeito enviou um áudio para o político, que logo foi replicado nos grupos de WhatsApp, onde fazia algumas promessas para a favela do Jacarezinho. Entre elas, bem na política do pão e circo, Crivella promete: “(…)vereador vou estudar também uma escola, criar uma escola, conveniar uma escola para ensinar os meninos a limpar ar condicionado, as meninas a serem manicures, corte de cabelo aí na sua comunidade…”.
Primeiro ponto é necessário deixar claro total o respeito e necessidade dessas e qualquer outra profissão, nenhuma se sobrepõe a outra. Entretanto, a gente precisa fazer uma análise crítica da fala do prefeito. A começar por; até quanto a favela vai ser vista como fábrica de pessoas que só podem acessar a determinadas funções, normalmente precarizadas, de baixa especialização ou foras dos espaços de gestão e poder? Porque o prefeito não nos oferece curso pré-vestibular, inglês etc. para que o jovem favelado posso se preparar e projetar estar em uma faculdade, e lá escolher o que quer fazer da vida, inclusive as profissões mencionadas no áudio?
Parece algo irrelevante, porém a fala do prefeito é simbólica, retrata como os políticos brancos do asfalto historicamente vêem a favela e seus moradores. Sempre como cidadãos de segunda classe, que se dêem por satisfeito por ter um ganha pão, não importa qual seja, mas bem distantes deles, ricos e poderosos. Enquanto isso, seus filhos fazem cursos e mais cursos se preparando para os cargos de privilégios, gestão, políticos, judiciário e os mandos e desmandos com a classe trabalhadora.
Pode parecer pouco, mas essa divisão de oportunidades e possibilidades precisa ser combatidas por todos e nunca estimulada pelo prefeito, chefe do poder executivo municipal, incumbido justamente do contrário. Ou ele governa para todos ou para ninguém.
Não podemos seguir aceitando migalhas de quem deveria governar pra todos!