As notícias falsas e o risco para a democracia

Na última terça-feira (22),  especialistas da área de comunicação estiveram na Faculdade Cásper Líbero para discutir a proliferação de notícias falsas na internet brasileira. O evento “Comunicação, Democracia e Fake News” contou com ampla participação popular e acadêmica. “O Whatsapp é o maior causador de divulgação de notícias falsas. Muitas vezes, inocentemente, estamos enviando algo falso para alguém e, ingenuamente, estamos mudando o curso da história”, disse o escritor e jornalista Marcelo Rubens Paiva. Já o professor Sérgio Amadeu, que pesquisa a mecânica do compartilhamento de notícias falsas, alertou: “Os vídeos e mensagens com gracinhas que no fundo estão cheias de ódio, não são feitos por cidadãos comuns. São produzidos por empresas de marketing”

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Renata Miele, do Centro de Mídia Alternativa Barão de Itararé, enfatizou a importância de empoderar as pessoas com ferramentas de checagem de informações, para que elas sejam capazes de discernir o que é falso e o que não é. “É preciso checar as informações, estar atento a lista de sites que são famosos na propagação de notícias falsas e principalmente, não compartilhar informações duvidosas”

 

Foto: Bruno Dias
Foto: Bruno Dias

Sobre as atuais políticas do Facebook que impulsionam postagens mediante pagamento, o professor Sérgio Amadeu disse que a medida, em época de eleição, vai favorecer candidatos mais ricos ou mais ligados ao mercado. “Políticos de partidos menores terão dificuldades de divulgar seu programa de governo, se não tiverem condições de pagar pelo impulsionamento das suas postagens”, disse. Além disso, Amadeu declarou que será muito complicado para qualquer rede social, combater as “Fake News”. “Qual critério será usado para definir o que é verdade? Quem fará essa análise?”, questiona.

Foto: Bruno Dias
Foto: Bruno Dias

Miele também declarou estar preocupada com o futuro da democracia, em razão das atuais políticas da internet. Para ela, o armazenamento de nossos dados pessoais, através das ideias, emoções e temores que expressamos online, pode criar uma bolha de desinformação, por estar muito voltada a interesses mercadológicos. “A vida em democracia exige um certo grau de incomodo, um certo grau de conflito com você estar em choque com visões e opiniões diferentes da sua. Reunir pessoas que pensam iguais, dentro da linha de conforto, não vai gerar uma democracia madura.”

Durante o debate, os especialistas foram unânimes em informar que a divulgação de notícias inverídicas não é um fenômeno novo, exclusivo da era da internet. Segundo eles, durante toda história do Brasil houve a manipulação factual para afetar o resultado das eleições. “A Rede Globo assumiu que em 1989 editou o debate entre Collor e Lula para influenciar o resultado das eleições. Além de ser favorecido com mais tempo, Collor teve boas imagens exibidas; aquelas em que ele se saiu melhor do que o Lula”, disse Marcelo Rubens Paiva.

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Ao final do evento,  Sérgio Amadeu respondeu, em áudio, um breve questionamento da Agência de Notícias da Favela (ANF). Confira.

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Bruno Dias
Ator desde os 7 anos de idade, sou apaixonado por comunicação e tudo que envolve a expressão do pensamento. Vejo a arte, o diálogo e a criatividade, o caminho para a construção de um mundo mais igualitário, plural e justo. No mundo real, neste em que os títulos nos definem, sou dublador há 11 anos, jornalista formado pela Mackenzie e pós-graduando em Mídia, Informação e Cultura na USP. Almejo cada vez mais combater a parcialidade da mídia tradicional, unindo arte, conhecimento e informação na prática jornalistica. Todos os campos do jornalismo me atraem. Quero dialogar para mudar o mundo.