Aula inaugural do Pré-Vest da ANF discute acesso a ensino superior

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Nesta segunda-feira, 07, o Pré-Vest Curso Popular iniciou suas atividades na FAC – Fábrica de Arte e Cidadania, na Lapa. A aula inaugural apresentou o debate “Favela e universidade: trajetórias, desafios e possibilidades” e discutiu o ingresso de moradores das favelas e periferias no ensino superior. O curso oferece 25 vagas para pessoas oriundas destas áreas.

Participaram do debate a assistente social e moradora do Borel Erika Ressurreição, a mestranda em Serviço Social pela UFRJ, integrante do Coletivo de Mulheres Pretas e moradora do Morro do Adeus Carmen Corato, o colunista da ANF, distribuidor do Jornal A Voz da Favela e estudante de Comunicação Social da PUC-Rio Tiago Nascimento e o diretor e fundador da Agência de Notícias das Favelas André Fernandes. O debate foi mediado pelo mestre em Educação pela Unirio, professor da Prefeitura Municipal do Rio e integrante do grupo de pesquisa Juventude, Escola e Trabalho em Espaços Periféricos Jonas Sales, que abriu os trabalhos falando sobre a importância do reconhecimento do potencial dos jovens das favelas.

– O jovem da favela é um jovem potente, nao carente. Somos jovens negros morando na favela que está disputando imaginários. Esse curso da Agência de Notícias das Favelas é uma maneira de a gente disputar a universidade, dizer que ela também é nossa, afirmou.

Os convidados trocaram experiências sobre as dificuldades de se ingressar e se manter na universidade. Foi o caso de Erika Ressurreição, que voltou para os bancos escolares depois de um casamento e cinco filhos. “Eu virava noites estudando, mesmo precisando colocar meus filhos na escola de manhã cedo. Valeu a pena. Hoje sou outra pessoa”, contou ela, que estudou Serviço Social na UERJ e hoje atua no Instituto de Desenvolvimento Humano Art Cult.

Tiago Nascimento e Carmen Corato falaram aos estudantes sobre a necessidade de ocupar espaços e conhecer os pormenores da vida acadêmica através de bolsas e incentivos que o Estado oferece para estudantes de baixa renda e cotistas. “Temos um compromisso social. Precisamos ocupar esses cargos de elite, ocupar todos os lugares. Se juntar o sonho e a luta prática, acho que já dá pra fazer”, opinou Tiago, bolsista do FIES na PUC-Rio e, muitas vezes, o único negro em sala de aula. Carmen fez coro: “Estar nesse espaco é socializar a trajetória e disputar esse lugar branco e elitista que é a universidade”.

Para André Fernandes, os futuros graduandos devem acreditar e investir no futuro para transformar a realidade: “Esse sonho que nós estamos perseguindo era só um sonho, mas que se tornou realidade. Meu incentivo pra cada um de vocês é pra que persigam seus sonhos”. Luís Felipe Cardoso, que pretende estudar Pedagogia, entendeu o recado. “A universidade, não só enquanto diploma, mas que dá condições de a gente saber quem é, é libertadora. Ter um curso como ponte, como base para isso, já é libertador de uma certa forma”, resumiu.

 

Inscrições seguem abertas até 18 de agosto

O Pré-Vest Curso Popular oferece 25 vagas para moradores de favelas e periferias do Rio de Janeiro. A iniciativa, realizada pela Agência de Notícias das Favelas e professores voluntários em parceria com a FAC – Fábrica de Arte e Cidadania, prorrogou suas inscrições até 18 de agosto. Os interessados devem preencher o formulário on-line.

O curso é gratuito e tem como objetivo de facilitar o ingresso de moradores de favela às universidades através da preparação para as provas do vestibular e do Exame Nacional do Ensino Médio. 40 voluntários estão envolvidos no Pré-Vest Curso Popular, que oferece aulas de segunda à quinta-feira, das 18h às 22h, na FAC, galpão criado pelo grafiteiro Fabio Ema na Lapa.

Para se candidatar a uma vaga no curso da Agência de Notícias das Favelas, é preciso ser moradores de favelas e preencher o formulário de inscrição on-line. Os inscritos serão convocados por e-mail para o processo seletivo, que inclui reunião sobre o funcionamento do curso e entrevista. Mais informações estão disponíveis através do e-mail contato@anf.org.br ou pelo telefone (21) 2117-1154.