O escritor Wesley Barbosa, nascido e criado em Itapecerica da Serra, cidade na Região Metropolitana de São Paulo, vem sendo conhecido como “o cara que vendeu 10 mil livros sozinho”. A história é verídica: ele vende seus livros pela internet, pelas ruas da capital paulista e onde pude estar, armando uma banquinha sobre a qual expõe as obras, trazidas na mochila abarrotada.

Seu esforço de trabalhador da literatura vem rendendo frutos. Com quatro livros na praça, lança hoje o quinto, intitulado O Rebento do Ódio, na Casa da Favela, na Festa Literária Internacional de Paraty –  Flip, às 19h30. A obra, em formato de bolso, foi originalmente publicada na revista Piauí, neste ano. Com ela, Barbosa inaugura sua editora, a Barraco Editorial.

Barbosa está, aos poucos, ocupando espaços. Sua história Já apareceu na imprensa e ele vem sendo chamado para eventos literários, mas não se perde em elogios ou badalações. É pé no chão e sabe que, se não fizer o corre diário da venda de livros, nada acontece. Ele consegue sobrevier do seu trabalho, coisa rara entre escritores.

Terceira vez na Flip

Wesley Barbosa tem histórias marcantes com a Flip, onde esteve duas vezes. Em 2019, ele abandonou o emprego na lanchonete em que trabalhava como atendente e chapeiro. E foi para a Flip tentar vender exemplares do seu primeiro livro, a coletânea de contos O Diabo na Mesa dos Fundos. E o que aconteceu?

“Naquele ano, durante todos os dias em que estive em Paraty, consegui vender todos os livros que levei comigo, mais de 300 exemplares, vendidos de mão em mão, apenas com o apoio dos leitores que esbarravam comigo pelas vielas do evento.”

Na segunda vez, no ano passado, Barbosa alugou um espaço na feira das editoras independentes. Neste ano, “com o apoio da Casa da Favela, posso apresentar minha editora Barraco Editorial e lançar o primeiro livro por ela. É como se fosse um sonho que eu estivesse esperando ser realizado a vida inteira”, afirma o escritor.

Literatura marginal, periférica, das quebradas

A literatura marginal ganha força em saraus, batalhas de rima, publicações de autores e editoras periféricas. E o mais importante: está formando leitores. Segundo Wesley Barbosa, “agora, em um evento literário, você não encontrará apenas pretos servindo ou varrendo o chão. Nós também escrevemos e contamos nossa própria história”, conclui.

Para o escritor, “a guerra ainda não foi vencida. Estamos apenas começando a revolução”. Ele se refere a uma pequena parcela de autores em grandes editoras e independentes. “Estamos aqui e ali criando células para fortalecer cada vez mais nossa cultura periférica marginal. Daí a importância de eventos que incluam mais dos nossos.”

Após o lançamento, haverá funk e samba com DJ Grandmaster Raphael e Pipa Vieira, às 20h30, na Casa da Favela.

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