A ANF está ampliando seus territórios e A Voz da Favela vai falar de uma favela da cidade de Salvador – Bahia: o Bairro da Paz.
O que são as favelas se não grandes ocupações e soluções dos seus moradores para a questão da moradia. Como qualquer outra favela, o Bairro da Paz também se inicia com uma luta por residência e pelo direito a terra. Um grupo de trabalhadores e trabalhadoras oriundos da zona rural que ocuparam, pela primeira vez, terras municipais ao lado da Avenida Paralela (Luís Viana Filho), em 1982. Recebem o nome de Malvinas referenciando a Guerra das Malvinas que ocorria na época.
A violência da polícia era tão grande que a imprensa baiana noticiava com frequência as violações de direitos que aconteciam com o aval do estado.
Com várias remoções realizadas pelo governo os moradores sempre resistiam e conseguiam retornar para a terra. Nessa incansável luta, os moradores começam a conquistar alguns serviços básicos, como um posto de saúde, iluminação pública, e em 1992 o Bairro da Paz é emancipado como bairro oficialmente pela prefeitura. Numa vivência coletiva e de vida comunitária, é construída uma creche coordenada pelos moradores, assim como o abastecimento de água potável e transporte. Segundo o IBGE, agora são 65 mil habitantes no bairro. A luta dos moradores continua para que os serviços públicos sejam ampliados e oferecidos com qualidade. Atualmente a especulação imobiliária a todo instante tenta cooptar moradores para vender seus imóveis, principalmente os que moram as margens da Avenida Paralela. O Bairro da Paz tem entre suas características de mobilização e resistência, a resiliência, que ao longo da sua história contribuiu na formação de inúmeros atores sociais em diversos setores. Esse legado favorece para que as futuras gerações possam perceber como ocorreram as conquistas dos primeiros moradores. Essa história de luta e militância foi constatada por visitantes do Rio de Janeiro que estiveram no bairro participando do Rolé dos Favelados, que contou com o apoio do ANF e o Bairro da Paz News.
*Matéria publicada no Jornal A Voz da Favela – Edição Outubro