Na Costa do Dendê, região do Baixo Sul na Bahia, a safra do dendê deste ano ficou abaixo do esperado, segundo os produtores, isso devido ao cenário econômico que o país está vivendo, e essa escassez fez o preço do produto ficar elevado a tal ponto que os vendedores estão com dificuldade de escoar toda produção.
Em quatro meses, um balde com 16 litros de dendê passou de R$65 para R$120, gerando preocupação e ameaça ao trabalho das baianas de acarajé, que são as principais compradoras deste item essencial para a fabricação dos famosos quitutes na capital baiana,e devido a pandemia do coronavírus estão proibidas de colocarem seus tabuleiros nas ruas.
“O problema do azeite é que a produção regional foi muito abaixo do esperado. Já acabou. A gente tá na entressafra, que só vai normalizar em meados de dezembro. E o outro ponto é que o azeite que vem do Pará, que também é um azeite de qualidade, está sendo exportado. São grandes empresas voltadas para a exportação. Em virtude do dólar, eles estão exportando. A gente tá enfrentando a escassez e tá chegando a ponto de faltar. Só não chegou ao extremo porque ainda há um estoque, mas em breve vai faltar”, explicou Marcos Parente, distribuir de dendê em Salvador.
De acordo com a Associação Nacional das Baianas de Acarajé, Mingau, Beiju e Similares (Abam), das mais de 2 mil baianas que vendem acarajés em Salvador, aproximadamente 80% estão paradas ou fora de seus pontos. As 750 baianas que trabalham nas praias estão tendo os maiores prejuízos, perderam praticamente 100% dos clientes.
“Justamente quando as baianas estão retornando, depois de quatro meses paradas, acontece mais esse problema. Um dos produtos mais importantes do acarajé subiu de preço dessa forma. As que conseguem comprar não vão conseguir repassar essa alta para os clientes. As pessoas estão sem dinheiro. Foi mais de 80% de aumento. A informação que tivemos é que a safra foi abaixo do esperado. Estamos vendo ainda o que vamos fazer. Precisamos de ajuda!”, desabafa Rita Santos, presidente da Associação Nacional das Baianas de Acarajé, Beiju, Mingau e Similares.
A maior parte do dendê consumido na Bahia é produzido no próprio estado, por agricultores familiares que se destacam internacionalmente pela produção. O Brasil é o terceiro produtor de azeite de dendê ou óleo de palma da América Latina. A Colômbia, maior produtora, é seguida pelo Equador. A região da costa formada pelos municípios de Valença, Aratuípe, Igrapiúna, Cairu, Camamu, Taperoá, Nilo Peçanha, Ituberá e Maraú, a queda da safra está em média 30% mais baixo se comparada ao ano passado.
A Associação Nacional das Baianas de Acarajé, Mingau, Beiju e Similares, está com uma campanha para ajudar as Baianas de acarajé. Quem puder colaborar pode fazer o deposito de qualquer valor na seguinte conta:
Caixa Econômica Federal, Código de Operação: 003, Agência: 4802, Conta corrente: 000056-1, CNPJ: 02561067000120.