“Bigodinho fininho, cabelinho na régua”, como canta MC Kevin o Chris, são algumas das mais novas sensações da moda masculina dentro da favela. Os espaços especializados em cuidados com a beleza masculina não só vêm crescendo, como também se modernizando com o passar do tempo. Os locais estão cada vez mais cheios, tornando-se verdadeiros pontos de encontros dos rapazes. Pelos bairros da cidade é bem comum hoje em dia encontrar barbearias tão cheias quanto os salões de beleza que cuidam da estética feminina.
Mas, e na favela, como esse “boom” no crescimento das barbearias e a modernização dos espaços para cuidar da estética masculina estão sendo tratados pelos barbeiros?
Conversei com Renê Correia para saber um pouco sobre seu trabalho e quem o inspirou a seguir a profissão. Cria do Morro do Turano, favela localizada entre os bairros da Tijuca e Rio Comprido, a barbearia de Renê fica na parte do morro conhecida como Chapa. Assim como ocorre com a maioria dos barbeiros de lá e de outras favelas, “comecei cortando os cabelos dos meus amigos. Eu tinha 14 anos. Fui me aperfeiçoando e não parei mais até conseguir montar minha barbearia”, declara o profissional que já tem 20 anos de profissão.
Como em todo ofício, ser barbeiro tem seus prós e contras. De forma bem objetiva, Renê afirma que algumas das vantagens são trabalhar por conta própria, não ter patrão e poder fazer seu próprio horário. Em compensação, não tem férias e nem hora para encerrar o expediente, pois enquanto tiver cliente, tem que atender. Ele acrescenta que não se imagina trabalhando em outra área, pois está fazendo o que gosta. “Não me vejo trabalhando em outra coisa. Vou trabalhar em quê? Eu estou trabalhando naquilo que eu gosto de fazer”.
Na barbearia de Renê Correia também são comercializadas roupas, cervejas artesanais, entre outros produtos. O jovem profissional criou até sua própria marca, a Renê Multimarket, que não só complementa a receita da barbearia, mas, também, agrada a clientela. E para divulgar seu trabalho e ficar atualizado sobre as novidades que surgem no ramo de estética masculina, ele usa as redes sociais. “Estou sempre acompanhando o Facebook ou o Instagram para ver o que tem de novo. Às vezes, alguém pede para fazer um corte de cabelo ou desenho nas sobrancelhas que viu lá “.
* Matéria publicada no jornal A Voz da Favela, Rio de Janeiro, novembro 2019.