Surgida de uma iniciativa dos fundadores Geovani, Reizinho e Gravitol, a Batalha de Acari já é um evento cultural em ascensão, sendo a quarta batalha de rap no local. O evento que acontece às quartas, a partir das 19h, atinge um público diverso e pretende expor, principalmente, a voz da favela, trazendo qualidade de vida também para o seu bairro.
Em um movimento de volta às bases, o rap vem se destacando há algum tempo, e suas batalhas mostram que existem MCs nas periferias com raciocínio rápido e conteúdo em suas mensagens. “Pô, irmão, para mim, a roda cultural dentro da comunidade tem uma representatividade de suma importância na vida do jovem porque por mais que naquele momento ele não entenda o que se passa, lá na frente ele vai lembrar do rap. Toda criança que pára pra assistir uma roda cultural, no subconsciente dela ficou gravado aquele momento, que depois, mais à frente, ela vai se lembrar do evento”, afirma Vitor Tavares, poeta e frequentador da roda.
“A gente ama o que faz, não só os organizadores, mas os MCs também. A roda está ali pra mudar vidas através da cultura. A favela tem que deixar de ser vista como um lugar perigoso e passar a ser vista como um lugar onde temos pessoas talentosas em todas as áreas culturais, não só em freestyle. Esse é o meu sonho! Por isso faço o que faço”, ressalta Giovani.
Sendo um reflexo da sociedade, de sua cultura, do que ela tem para dizer, as rodas e batalhas retratam, de um ângulo privilegiado, tudo isso. Geralmente, da perspectiva de um povo aguerrido e arraigado em princípios que nem a pobreza é capaz de deturpar. Rap é um movimento de transcrição de realidades para letras esclarecedoras de problemáticas sociais, e em forma de “disputa”, a batalha retrata a afirmação.
* Matéria publicada no jornal A Voz da Favela, Rio de Janeiro, novembro 2019.