Com Joe Biden na Casa Branca, levante que tomou as ruas dos EUA pode perder força se não tiver propostas concretas
Em plena pandemia do novo coronavírus, um levante popular antirracista tomou as ruas dos Estados Unidos em 2020 pedindo um basta na violência contra a população negra. As manifestações se tornaram um dos principais responsáveis pela vitória de Joe Biden sobre Donald Trump nas eleições americanas, principalmente por ter uma mulher negra como vice-presidente, que declarou apoio ao movimento “Black Lives Matter” (Vidas Negras Importam).
O rumo do “Black Lives Matter” em 2021 é ainda incerto, mas se as lutas raciais nos Estados Unidos continuarem com força, deverão refletir no Brasil novamente, principalmente depois que seguranças brancos de uma unidade da rede de supermercados Carrefour, em Porto Alegre, mataram brutalmente um cliente negro.
Para o cineasta e ativista anarco-comunista Eric Kleppe-Montenegro, morador da periferia de Milwaukee, cidade mais populosa do estado do Wisconsin, nos Estados Unidos, há duas probabilidades em relação ao movimento antirracista com a mudança na presidência americana: a necessidade de seguir protestando ou uma espécie de cessar-fogo.
“Muitas pessoas que veem o Trump como o inimigo do povo podem achar que com a ausência dele no poder não há mais o mesmo sentido para seguir lutando. Outra situação possível, e é a que eu quero ver, é o aumento do movimento antirracista e com estratégias novas. Muitas pessoas marcharam nas ruas pela primeira vez em 2020 e já entenderam o processo da luta. Eu tenho uma perspectiva positiva porque sei que as organizações militantes estão superfocadas em seus objetivos”.
Matéria originalmente publicada no jornal A Voz da Favela de janeiro/2021.
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