Bolsonaro cria “espiões voluntários” para filmar leitos vazios em hospitais

Deputado Coronel Telhada, em primeiro plano, na invasão do hospital do Anhembi - Foto JC

O presidente Jair Bolsonaro pediu nesta quinta-feira, 11, aos seus seguidores nas redes sociais que filmem o interior de hospitais públicos e de campanha para averiguar se leitos de emergência estão livres ou ocupados. Em live nas redes sociais, ele defendeu que, caso as imagens demonstrem alguma anormalidade, sejam enviadas ao governo federal, que as repassará para a Polícia Federal ou para a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) para que sejam investigadas.

O que Bolsonaro deve desconhecer é que a entrada em unidades de saúde sem autorização não é permitida, entre outras razões porque, além de constranger os pacientes, coloca o visitante em risco de contaminação, sobretudo em meio à pandemia de coronavírus. As autoridades de saúde têm recomendado que as pessoas evitem unidades hospitalares para evitar o contágio. O presidente fez o pedido por duvidar do número de mortes por coronavírus no país.

Sem mostrar provas, Bolsonaro disse que chegam ao governo federal informações de que o número total de mortes está inflado e de que muitas pessoas morrem por outros motivos, mas que seus atestados de óbito incluem o coronavírus como causa.

“Tem um ganho político dos caras. Só pode ser isso. Aproveitando as pessoas que falecem para ter um ganho político. E para culpar o governo federal”, disse. “Pode ser que eu esteja equivocado, mas, na totalidade ou em grande parte, ninguém perdeu a vida por falta respirador ou de UTI”, acrescentou.

Até agora, o novo coronavírus vitimou mais brasileiros do que os acidentes de trânsito em todo o ano de 2019. Os mais de 40 mil óbitos pelo novo coronavírus superaram as 40.721 mortes no trânsito de 2019.

Além disso, as mortes pela Covid-19 no Brasil já ultrapassaram o total registrado em 2019 com homicídios dolosos. Foram 39.776 em todo o ano passado, de acordo com dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública.​