Bolsonaro trava diálogo incrível com menina de 10 anos no Youtube

Bolsonaro trava diálogo incrível com menina de 10 anos em rede social - Foto Em Dia ES

Em junho, Bolsonaro cedeu ao pedido de auxiliares presidenciais e deixou de dar entrevistas diárias, acalmando os ânimos gerais na mídia e nas redes sociais. Mas é justamente aí que o gerador de crises está mais ativo do que antes. Na quinta-feira desta semana, 10, ele travou o seguinte diálogo com uma youtuber de 10 anos de idade:

“Quem não gosta de mulher, gosta de homem, não é isso?”

“Ah, mas é feio isso aí”, respondeu a menina, sob gargalhadas do presidente. “Tem que ser certinho, gente, para vocês terem um futuro bem legal lá na frente. Eu, por exemplo, comecei cedo”, continuou chapeuzinho vermelho ao lobo mau.

Bolsonaro a interrompeu e fez uma possível piada de conotação sexual. “Começou cedo? Como é que é? O que que é?”, questionou. Sem entender a insinuação descabida num país que acaba de assistir ao aborto de uma criança da mesma idade em Recife, a menina respondeu que se referia à carreira de youtuber.

 

No último dia 1º, assim que chegou à residência oficial, parou para falar com os apoiadores e disse que, na semana anterior, fora abordado por uma pessoa que achava que uma ponte em Rondônia deveria ser construída em um local diferente do que estava planejado. No seu estilo debochado, mandou a pessoa procurar o ministro Tarcísio de Freitas, da Infraestrutura.

“A partir daí, coube até manifestação da senhora presidente da Bolívia (Jeanine Áñez) dizendo que eu estava discordando de um acordo firmado lá atrás. Olha, qualquer ponte com outro país não vai ser (por) uma decisão unilateral nossa que vai ser mudada de local”, explicou Bolsonaro para o celular que gravava o encontro.

Após tentar contornar o mal-entendido diplomático, o presidente disse que, a partir daquele dia, só falaria com apoiadores sobre amenidades.

“Às vezes eu quero responder, quero colaborar, mas tem uma repercussão enorme o que eu falo aqui. Então, vou evitar falar, a não ser assuntos que têm a ver com família, time de futebol”, afirmou o presidente.

Na noite anterior, ele já havia proferido declaração que, quase 15 dias depois, ainda motiva críticas.

“Ô, Bolsonaro, não deixa fazer esse negócio de vacina, não, viu? Isso é perigoso”, afirmou uma apoiadora, dizendo-se profissional de saúde.

“Ninguém pode obrigar ninguém a tomar vacina”, respondeu o presidente, como mostra registro em vídeo.

No dia seguinte, a Secom publicou mensagem em que diz que “impor obrigações definitivamente não está nos planos” e que “o governo do Brasil preza pelas liberdades dos brasileiros”.

As manifestações do presidente e do órgão oficial de comunicação do governo foram vistas como um desserviço, pelo aspecto sanitário, e, pelo lado político, como a construção de uma narrativa para colocar em descrédito a vacina chinesa que está em teste no Brasil por intermédio do governo de João Doria, virtual oponente de Bolsonaro na eleição presidencial de 2022, e que pode ser disponibilizada antes daquela negociada pelo Ministério da Saúde.

Auxiliares do presidente dizem que a frase foi dita e divulgada fora de contexto. Em outras manifestações, Bolsonaro tentou explicar melhor seu posicionamento.

“A gente não pode injetar qualquer coisa nas pessoas, muito menos obrigar. Eu falei outro dia ‘ninguém vai ser obrigado a tomar vacina’, o mundo caiu na minha cabeça. A vacina é uma coisa que, no meu entender, você faz a campanha e busca uma solução, não pode amarrar o cara e dar a vacina nele”, disse na terça-feira, 8, em reunião com médicos transmitida por suas redes sociais.