É um fato: jovens entre 13 e 30 anos estão deixando de usar proteção no ato sexual, segundo dados divulgados pela Pense (Pesquisa Nacional de Saúde Escolar), publicada pelo IBGE. Apesar dos alertas de que o uso de preservativo é o método mais eficaz para evitar gravidez e/ou doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), diferentes justificativas são usadas. A ausência de camisinha virou um hábito que vai trazer consequências preocupantes no futuro.
O levantamento também mostra que seis em cada dez adolescentes não usaram qualquer tipo de preservativo em alguma relação sexual no ano de 2016. 90% sabem que esse é o melhor jeito de evitar o HIV, o vírus da AIDS, mas, mesmo assim, não usam. Particularmente, arrisco o motivo: ainda que nossos heróis tenham morrido por essa decorrência, a doença parece distante ao imaginário da geração nascida nos anos 1990. Além disso, a qualidade de vida alcançada graças aos coquetéis dá a falsa impressão de que não há tanto problema assim em se infectar. Ledo engano.
A procrastinação de “depois nos protegemos, só uma vezinha” vem combinada com o prazer de viver o momento e a vontade de não decepcionar o crush com a dita conversa chata de quem está desconfiando de alguma coisa. Mas esse “só acontece com os outros” não deveria afastar a motivação de se proteger. Nem aqueles que são ainda mais jovens se preservam. A Pense apontou que, em 2015, 33,8% dos adolescentes com idades 13 e 17 anos que já tinham começado sua vida sexual não usaram camisinha na última transa.
Quem usa camisinha é taxado de careta. As campanhas preventivas diminuíram e, mais visivelmente, se restringem ao conteúdo da TV aberta – que não são mais tão assistidos pelos jovens – e à distribuição de camisinhas no carnaval, quase sempre rejeitadas. Tudo isso sem mencionar os aplicativos de relacionamento, através dos quais as relações sexuais se proliferam e as doenças também.
Há uma epidemia de sífilis desde 2016, e o HPV cresce vertiginosamente, pontapé principal para o câncer de garganta, pois também é transmitido no sexo oral. Vale salientar que os casais que deixam de usar proteção porque estão em um relacionamento fechado também estão expostos a doenças nem um pouco confortáveis. Basta dar uma pesquisa no Google.
Nos dias de hoje, preservativo deixou de ser frescura. Das bolhas à AIDS, de coceira ao câncer, da ficada ao casamento: tem que usar.