Brasil ainda é país de analfabetos e parece não se importar com isso!

8 de setembro Dia Internacional da Alfabetização. Marcello Casal Jr/ Agência Brasil

Entre ver sinais desenhados em uma folha em branco e chegar a decifrá-los e reconhecê-los como letras, depois como palavras e frases, há um longo caminho a ser percorrido. Alfabetizar-se não é apenas decifrar sinais, mas compreendê-los e saber de suas infinitas possibilidades.

A alfabetização é um processo longo, mas prazeroso, à medida em que vai abrindo fendas e ampliando o universo daquele que aprende. É igualmente prazeroso para quem ensina, pois vê no outro um mundo inteiro se abrir através do seu ofício. Você sabia que hoje, dia 8 de setembro, é o Dia Internacional da Alfabetização? É sobre os desafios da alfabetização que vamos tratar no nosso artigo desta semana.

Os dados mais recentes divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) são de 2019 e não trazem boas notícias. É triste constatar que o Brasil ainda amarga a triste marca de 11 milhões de analfabetos, apesar da queda na taxa de analfabetismo que passou de 6,8% da população em 2018 para 6,6% em 2019.

A redução é muito pequena em relação ao que era esperado pelo Plano Nacional de Educação (PNE), que previa um percentual de analfabetismo de 6,5% em 2015, ou seja, o país apenas se aproximou do índice desejado e mesmo assim com quatro anos de atraso. A meta do PNE é chegar em 2024 com taxa zero de analfabetos entre a população de 15 anos ou mais.

O que fazer para chegar, ao menos, perto da meta para 2024?

Não tem outra receita a não ser investir em educação. Infelizmente, não é isso o que estamos vendo por parte do governo brasileiro. Muito pelo contrário, o governo anunciou em agosto que o Ministério da Educação e Cultura (MEC) terá uma redução de 18,2% no orçamento de despesas discricionários (aquelas que não são obrigatórias) para 2021. Isso representa R$ 4,2 bilhões a menos para a educação em relação ao orçamento de 2020.

O corte proposto pelo presidente Jair Bolsonaro deve atingir todas as áreas da educação – da básica à superior – sendo que as universidades federais terão R$ 1 bilhão retirados de seus orçamentos e os outros 3,2 bilhões deverão ser cortados da educação básica, incluindo aí o ensino infantil, fundamental e médio.

Isso demonstra o total desinteresse do governo em resolver o problema do analfabetismo. O que ele está fazendo é um contraponto à derrota que sofreu no Congresso, que aprovou em definitivo o Fundo de Desenvolvimento e Valorização dos Profissionais de Educação (Fundeb). O novo Fundeb terá cerca de R$ 3 bilhões para a educação básica, mas o presidente retira com a outra mão R$ 3,2 bilhões do orçamento.

O Brasil ainda é um país de analfabetos e parece não se preocupar com isso! Não há como enfrentar o desafio da alfabetização sem investir maciçamente na educação básica. Como a redução das verbas para educação básica não é apenas pontual, já que em 2020 foram R$ 270 milhões a menos do que em 2019, o que podemos esperar do governo?

Qualquer coisa, menos que seja um país de livros e mais que seja um país de armas, assim como deseja o representante do seu povo. Isso explica a constatação do início deste artigo.

Vamos tomar um café?