Em apenas quatro anos, o Brasil teve pelo menos 22 jornalistas assassinados. O país ocupa a segunda posição no ranking com maior número de mortes de comunicadores da América Latina, além de contar também mais de 300 agressões à profissionais nos últimos anos. Os dados são da organização internacional Repórter Sem Fronteiras (RFS), que acaba de lançar a campanha “Algumas vitórias não merecem medalhas” para salientar os riscos da profissão e pressionar as autoridades para que tomem providências.
Saiba mais sobre a campanha “Algumas vitórias não merecem medalhas”, da Repórteres Sem Fronteiras
Em 2015, o Brasil foi considerado um dos países mais perigosos para o exercício da atividade jornalística, com o registro da morte de, pelo menos, seis profissionais, segundo o relatório da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) daquele ano. O caso mais emblemático aconteceu em agosto do ano passado, quando o radialista Gleydson Carvalho, da Rádio Liberdade FM (Camorim – CE), foi assassinado por dois atiradores dentro dos estúdios durante o intervalo musical do programa que apresentava ao vivo. O repórter era conhecido por denunciar casos de corrupção entre políticos, agentes públicos e o crime organizado na região. Mas a violência contra jornalistas não é exclusiva de regiões remotas do país: o Rio de Janeiro, cidade-sede das Olimpíadas 2016, conta quatro jornalistas mortos em atividade no período.
A Secretaria dos Direitos Humanos, em parceria com representantes do Ministério das Comunicações, do Ministério da Justiça, da Procuradoria Federal e de diversas organizações da sociedade civil, identificou 321 jornalistas vítimas de violências entre 2009 e 2014. Somente entre maio de 2013 e julho de 2014, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) registrou 190 casos de agressões a comunicadores, sendo maior parte cometidas por policiais.
“A forte repressão das manifestações de rua, quase sempre marcadas por agressões à comunicadores, a intensificação da polarização política, o crescimento da violência de maneira geral em cidades do interior do país e a precarização da profissão são fatores que, entre outros, podem ter tido um impacto nesse cenário”, explica o representante do Repórter Sem Fronteiras no Brasil Artur Romeu. “O que, de fato, temos clareza é que o aumento da violência contra os comunicadores no Brasil vem avançando sem que haja uma resposta do governo em termos de criação de políticas de prevenção e proteção para esses profissionais. Essa ausência de medidas concretas por parte do Estado contribui com a multiplicação desses casos”, finaliza.
Veja abaixo o mapa de jornalistas mortos no país (2012-2016):