Motivos pra chorar e se comover nos últimos dias não faltaram. Alguns mais evidentes nos telejornais, outros com menos destaque e mais naturalizados no nosso dia a dia. E essa naturalização que não causa inquietação é o ponto chave.
Segunda-feira, completou-se um ano do assassinato de Roberto Silva de Souza, de 16 anos, Wilton Esteves Domingos Júnior, de 20 anos, Carlos Eduardo Silva de Souza, de 16 anos, Wesley Castro Rodrigues, de 25 anos e Cleiton Correa de Souza, 18 anos. Eles foram fuzilados por 111 tiros disparados por policiais militares em Costa Barros. Os pais ainda lutam por justiça.
Na noite de terça-feira, a PEC 55 (antiga PEC 241) foi aprovada na primeira votação do Senado. 61 votos a 14, com peso de 7 a 1. A proposta prevê um freio nos gastos públicos durante os próximos 20 anos. Na prática, menos gastos na área de saúde, educação, Previdência e congelamento do salário mínimo.
Na mesma terça-feira, a 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro arquivou o caso do assassinato de Eduardo de Jesus Ferreira, garoto de 10 anos morto em abril de 2015 dentro do Complexo do Alemão. O menino foi morto por um tiro de fuzil efetuado por um policial militar da UPP local. Não havia troca de tiros na região no momento em que Eduardo foi assassinado. “O tribunal de justiça pra mim é um tribunal de injustiça”, disse à imprensa Dona Terezinha de Jesus, mãe de Eduardo. Mãe que enterra o filho também é vítima do Estado.
Vale lembrar que saímos do mês da Consciência Negra e chegamos ao mês dos Direitos Humanos. Por ironia ou por necessidade, vivemos no limite do teste da fé.