Fonte: TNH1

No dia 21 de fevereiro, abertura oficial do carnaval do Recife, o bairro central estava colorido e preparado para mais um ano do maior evento da cidade. Como todos os anos, pelas ruas passaram vários blocos e orquestras de frevo alegrando os foliões. Mas a abertura teria um sabor diferente em comparação aos anos anteriores, sempre marcados pelos tambores e alfaias dos maracatus ou o pelo frevo, tradicionais ritmos do carnaval. Neste ano, o show de brega da cantora Priscila Senna, ex-Musa, tornava-se um grande mote por trazer um grande contingente de pessoas para uma abertura de carnaval.
O ritmo popular em Pernambuco de origens periféricas conseguiria neste ano maior espaço na programação, alcançando os palcos principais do Marco Zero e Paço Alfândega, além de contar em inúmeros palcos descentralizados e blocos de ruas na cidade conseguindo, multidões para seus shows. A conclusão é que o brega está cada vez mais entrelaçado ao carnaval como outros gêneros musicais participaram do carnaval dito multicultural.
Mas por que demorou tanto para o brega, ritmo de maior fenômeno na cidade e popularidade, alcançar um maior espaço na grade principal da programação do carnaval do Recife? Uma das respostas pode estar ligada à lei de 2017, do então deputado Edilson Silva (PSOL), que incluiu o brega como expressão cultural em Pernambuco e, assim, abrindo espaço participar de editais de cultura no estado. Prova disso está na participação do MC Tocha no Rec-Beat em 2018, a dupla Shevchenko e Elloco no Rec-Beat em 2019 e Raissa Dias em 2020. Além de inúmeras bandas de bregas em outros festivais espalhados em Pernambuco. A lei garantiu com mais firmeza que o brega chegasse aos eventos de maiores expressões. Priscila Senna lotou o Marco Zero e foi o maior público em um polo descentralizado, com e recorde de 20 mil pessoas no Ibura na terça de carnaval.

A apresentação de Rayssa Dias, a primeira mulher do Brega-funk a tocar no Rec-Beat, agitou a multidão que se encontrava no polo Paço Alfândega. Além das apresentações, o brega nos últimos anos vem emplacando hits de carnaval no âmbito local como também em nível nacional, devido à popularidade na internet. Este ano, “tudo OK”, de Camila Braga, Thiaguinho MT e JS, emplacou o primeiro lugar nos aplicativos de música no país.
Envoltos de hits locais, o brega e seu subgênero, brega-funk, por anos foi questionado sobre a presença mais efetiva do ritmo na grade de programação oficial do carnaval do Recife, reconhecido por abraçar diversos ritmos nacionais, mas que fechava os olhos para o som que se gerava nas favelas.