Brega e Passinho ditando o ritmo da favela

O passinho é o ritmo contemporâneo das favelas de Recife. Foto: Wanderson Freire / ANF.

Jovens de periferias do Recife reinventam o Brega e mostram a força das manifestações culturais da favela

Reportagem para o jornal A Voz da Favela de novembro de 2019

A sonoridade que vem das favelas do Recife tem grande diversidade. Entre os becos e vielas, altos e escadarias, dá para se ouvir, Rap, Funk, Rock, Pop, do clássico ao MPB, do Gospel ao Mangue Beat. Porém, quem domina mesmo os rádios e os caixinhas de sons portáteis de forma diária é o Brega. O ritmo ganhou popularidade pela voz de nomes como Reginaldo Rossi, considerado o “Rei do Brega”. Nos anos 80, canções  românticas e tachadas de “cafonas”, com linguagem popular, conseguiu adentrar diversas camadas sociais do Recife.

Nas décadas seguintes, o Brega se consolidava como um gênero popular na cidade. Sob influência das “divas americanas” e do “rock romântico”, outros subgêneros foram nascendo como o Brega-pop e Tecnobrega. Dos anos 2000 pra cá, o ritmo conquistou mais ascensão e sofreu forte impacto com a era da internet e das redes sociais, o que motivou, entre outros elementos, o nascimento de mais um “sub-ritmo”, o Brega-funk, que tem grande influência do Funk carioca.

O passinho é o ritmo contemporâneo das favelas de Recife. Foto: Wanderson Freire / ANF.

Nomes como Shevchenko e Elloco estão entre os mais populares dessa nova geração. O ritmo, que se manifesta pela dança do passinho, tem sofrido com o preconceito contra jovens negros periféricos, protagonistas do movimento.  “Por se tratar de uma cultura de pobre e de preto, o Brega acaba sendo taxado de ‘subcultura’ pelas classes ricas, que também consomem essas músicas em momentos oportunos”, afirma o historiador Frederico Neto.

Atualmente, o Brega-funk (ou brega-passinho) domina as comunidades a partir dos grupos de dança e, até, competições de coreografia. Frederico Neto salienta que o Brega pode ser muito útil como ferramenta de educação dos jovens. Atividades como oficinas de DJs, aulas de dança e coreografia são algumas das atividades que estimulam a criatividade da juventude e demonstram que o Brega e o passinho representam a manifestação genuína de jovens que se expressam artisticamente mesmo em situação de vulnerabilidade social.