Os funcionários da educação, da saúde e das próprias forças de segurança do Rio são obrigados não apenas a trabalhar ganhando uma miséria e em condições que não garantem a plena realização de suas funções, mas a ESCONDER do povo a sua própria penúria, uma vez que o governo insiste em criminalizar toda tentativa de reinvindicação justa.

Enquanto isso, o governador Cabral Filho repassou nada mais nada menos que R$ 2 milhões para uma ONG que se propõe a auxiliar atletas paraolímpicos. Os recursos foram liberados sem licitação e, segundo a reportagem de Ruben Berta, se destinavam ao “transporte e rastreamento dos cavalos e alugar a hípica onde foi realizado no fim de semana passado o milionário evento Athina Onassis Horse Show.” Vale a pena ler a reportagem, publicada ontem, dia 10 de Setembro em O Globo:

http://oglobo.globo.com/rio/mat/2011/09/09/estado-paga-transporte-de-cavalos-particulares-925328724.asp

O curioso é que, segundo ainda a reportagem de O Globo, nenhum atleta com deficiência competiu! Repito: nenhum atleta com deficiência competiu!

Como sabemos, a prática deste esporte envolve custos altíssimos, de modo que, com raras exceções, apenas atletas oriundos das classes abastadas conseguem praticá-lo em um nível competitivo internacional. O que se gasta com um só cavalo, que não pode ser um mero “pangaré”, daria para sustentar diversas famílias. Aliás, o próprio filho do senhor governador Sérgio Cabral Filho, chamado João Pedro Cabral, conhecido como “Cabralzinho”, sonha em ser destaque mundial neste esporte, coisa que, em vista do auxílio material paterno, só depende do esforço dele mesmo.  Em uma reportagem da jornalista Ana Carla Gomes, publicada alguns anos atrás em O Dia, podemos ver o que é necessário para se tornar um atleta de ponta, incluindo treinos diários na hípica, musculação, viagens ao continente europeu para treinos e outras atividades completamente inviáveis a um jovem da mesma idade morador de favela. Veja a reportagem:

http://odia.terra.com.br/esporte/htm/puro_sangue_politico_na_vila_hipica_213132.asp

Que os leitores leiam as reportagens e tirem as conclusões por si mesmos. Cabe ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas dar a palavra oficial sobre o caso. Ao povo, cabe apenas a interrogação acerca do emprego de dinheiro público em evento que  poderia ser patrocinado pelos seus próprios competidores e pela iniciativa privada.

Se levarmos em conta, no entanto,  que os favelados, a parte do povo que mais deveria se indignar com o uso indevido de dinheiro público, se encontram nesse momento amordaçados, vivendo uma ditadura, sujeitos a toques de recolher, revistas diárias e intimidação constante, concluiremos que o governador e seus amigos empresários estão certos da impunidade, pois a voz do povo pobre está sob a mira de fuzis.