Cachoeira realiza Audiência Pública e Marcha por Justiça às vítimas de feminicídio

Elitânia Souza, 25, jovem quilombola do Tabuleiro da Vitória, na Bacia do Iguape, em Cachoeira (BA), ativista do movimento negro e do movimento estudantil, estudante de Serviço Social na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), assassinada pelo seu ex-namorado, Alexandre Passos Silva Góes, em 2019, na saída da aula, em Cachoeira.

Quatro anos após o assassinato de Elitânia, organizações de mulheres negras seguem em marcham e convocaram toda a comunidade para participarem da “Audiência Pública – A omissão do Estado no combate à violência doméstica e ao feminicídio na Bahia”, que foi realizada na última quinta-feira, 23, no Cineteatro Cachoeirano, na cidade de Cachoeira. Após o ato, os presentes seguiram nas ruas da cidade em marcha pedindo justiça à Elitânia de Souza e todas as vítimas de feminicídio.

A persistência da violência contra a mulher emerge como uma dolorosa realidade, ganhando contornos mais sombrios, especialmente na Bahia.

No ano de 2022, o estado testemunhou um alarmante aumento de 58% nos casos de violência, totalizando cerca de um caso por dia. A Bahia ocupou o triste posto de liderar os estados do Nordeste em número de feminicídios, somando um total assustador de 91 casos, segundo boletim da Rede de Observatórios da Segurança.

No contexto nacional, o relatório destaca que no ano anterior foram registrados 2.423 casos de violência contra a mulher, culminando em 510 feminicídios. A cada quatro horas, uma mulher torna-se vítima de violência, e a cada 24 horas, um novo caso de feminicídio é cruelmente documentado.

O evento, Audiência Pública – “A omissão do Estado no combate à violência doméstica e ao feminicídio na Bahia”, faz parte da agenda coletiva da Semana Elitânia Souza – Pela Vida das Mulheres Negras que desde 2020 tem feito coro para denunciar as constantes situações de violência a qual mulheres negras estão inseridas. A 4ª edição da Semana Elitânia de Souza é organizada pela: Articulação de Mulheres do Engenho da Ponte, Coletivo Angela Davis, Instituto Odara, Núcleo de Mulheres do Rosarinho, Rede Elas Negras Conexões, Rede de Mulheres Negras do Nordeste e ONG Tamo Juntas. A articulação também faz parte da II Jornada pela Vida das Mulheres Negras, organizada pela Rede de Mulheres Negras do Nordeste.

Elitânia tornou-se símbolo de inúmeras outras vítimas cujas histórias permanecem não só sem justiça, mas também muitas vezes sem visibilidade. Este é um chamado para interromper esse ciclo. “Violentadas por racistas; assassinadas por machistas; desamparadas pelo estado, parem de nos matar!” Este é um apelo que transcende fronteiras, clamando por uma ação imediata e significativa.