Quem é usuário de transporte público do Recife já deve ter pego algum coletivo sem cobrador. Nos últimos quatro anos, as empresas que atuam no sistema têm promovido, com a autorização do Governo do Estado, a retirada desses profissionais dos seus postos de trabalho, priorizando o pagamento com o cartão de ônibus eletrônico (o VEM). Em alguns casos, havendo o pagamento da tarifa em dinheiro, o motorista acumula a dupla função de cobrar e dirigir.
A medida vem acontecendo desde 2015 e 58 linhas de ônibus já circulam sem cobrador – em nenhuma delas a retirada dos cobradores foi discutida com os usuários. A iniciativa, de acordo com o Grande Recife Consórcio de Transporte, órgão que administra o sistema, visa retirar o dinheiro de circulação de dentro dos coletivos para dar segurança aos passageiros, algo que não acontece na prática porque os assaltos a ônibus continuam acontecendo todos os dias. Até o mês junho de 2019 os números registravam 1000 assaltos, conforme dados da Secretaria Estadual de Defesa Social de Pernambuco.
Rodoviários que trabalham na operação do sistema estão insatisfeitos com a medida e promoveram uma paralisação na manhã de hoje (04/09), na avenida Guararapes, centro do Recife. A demissão de cobradores tem gerado desemprego e colocado alguns motoristas em dupla função: dirigindo e recolhendo dinheiro dos passageiros.
O Ato durou cerca de uma hora e contou com a participação dos motoristas e cobradores das linhas que circulam no Centro. Eles exigem a intervenção do Governo para que as demissões sejam suspensas e os motoristas cumpram suas funções de origem.
Principais beneficiadas, as empresas de ônibus seguem o plano de extinção dos cobradores, reduzindo o custo de operação, priorizando o lucro ao invés da prestação de um serviço que ofereça melhores condições ao passageiro.