Isso daqui não é a fala de um coach, é a de um desesperado, que olha para o futuro e só enxerga mato, pro presente, vê incertezas e o passado, o mês passado, já é visto com um saudoso cuidado.

No meio de tudo isso, as redes sociais te ajudam a imaginar que você deveria estar sendo melhor. Todos estão lendo mais, trabalhando mais, malhando mais, por que só eu nessa quarentena estou angustiado?

Calma! Você está indo bem.

O desespero carrega um milhão de máscaras, ele está no sofá te chamando pra maratonar os dez episódios de série de uma só vez, no choro calado em posição fetal e nos milhares de exercícios continuamente postado nos perfis de instagram. E qual é o problema disso?

Em tese, nenhum. Todos estamos desesperados, pois estamos vendo uma vida que existia mudar completamente. Se imagine uma larva virando casulo, se ela não soubesse que a evolução posterior seria a borboleta, a dúvida seria agoniante. Nós estamos no casulo podendo virar borboleta ou podendo ser algo menor que a larva, um ponto de interrogação desses é cruel.

Por isso, manter a sanidade é importante, e eu escrevo isso como um conselho pra mim mesmo. Excesso de informação é prejudicial a saúde. Já mudamos quase todos os nossos hábitos, nem nos abraçar nos abraçamos, estamos geograficamente distante de pessoas que amamos nos convencendo que horinhas de internet são o ideal. Não são, mas é o que a gente tem pra hoje – talvez – por isso calma, você está indo bem.

Evite novas notícias, saber o número de mortos irá te dar a falsa ideia de que essa doença é sua vizinha. Tente falar sobre outro assunto com seus pais e amigos, e esqueça a ideia de que você não está aproveitando bem essa quarentena, afinal, isso não é uma colônia de férias, é como se um passarinho estivesse amargurado por não estar se sentindo bem dentro da gaiola. Se você não estiver conseguindo ler aquele livro ou terminar aquela meta, não tem problema, você está indo bem.

Pare de se martirizar, todo esse caos piora quando achamos que deveríamos estar “aproveitando esse tempo”. NÃO! Essa é a guerra da nossa geração, não confundamos silêncio com paz. Ainda assim, nosso ato de bravura hoje é ficar em casa, não precisaremos pegar em armas, esse é o ponto positivo que o yin yang me ensinou.

Esqueça o presidente e as notícias sobre suas atitudes, ele é somente o dono da bola no dia em que todos resolveram não vão jogar futebol. De resto, calma! respira, se for preciso, procure ajuda psicológica, não é vergonha nenhuma mostrar desespero diante de tudo isso. Tenta dormir um pouco, ok?

Agora eu vou reler esse texto, pois estou precisando de todos esses conselhos dentro de mim também. Calma! você está indo bem.

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Anderson Shon
Graduado em Comunicação Social - Publicidade e Propaganda pela Faculdade da Cidade do Salvador, Anderson Shon, atualmente, é professor do Centro de Educação Ávila Góis, professor - Canto de Estudo, professor do Instituto Bom Aluno da Bahia e professor - Educandário Helita Vieira. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação Anderson Mariano é escritor e professor. Lançou o livro Um Poeta Crônico no final de 2013 e, desde lá, já apareceu em coletâneas de poesia e de contos. Já ministrou oficinas em diversas feiras literárias da Bahia e é figura certa nos saraus de Salvador. É apaixonado por literatura e produz contos para abastecer o andersonshon.com. Em 2019, lançou o Outro Poeta Crônico, continuando sua jornada no mundo da literatura. Além de escritor, Anderson Shon é professor de redação e escrita criativa, sendo o professor com maior número de alunos premiados no Concurso de Escritores Escolares e, em 2018, lançou um livros de contos e poesias com os alunos do colégio estadual Conselheiro Vicente Pacheco do bairro de Dom Avelar. Anderson entende que ser professor não é uma profissão, é uma missão e que os livros são os melhores amigos que um estudante pode ter.