“Se caminhar é preciso,
Caminharemos unidos
E nossos pés, nossos braços,
Sustentarão nossos passos.
Não mais seremos a massa
Sem vez, sem voz, sem história,
Mas a Igreja que vai em esperança solidária.”
Essa é a poesia de uma mulher, crente e do povo que me lança essa reflexão…
Há um episódio na Bíblia muito conhecido e eternizado em filmes antigos. O povo hebreu sobrevivia séculos escravizado numa terra estrangeira. Gerações de avós a netas e netos, mão-de-obra para servir aos abastados senhores, desde pequenos cuidados domésticos até monumentos literalmente faraônicos.
Então surgiu um camarada com fé no peito e uma mensagem de liberdade nos lábios, postura firme e assertiva. Lances dramáticos e improváveis foram acontecendo na medida que o povo acreditava na nova realidade, esperança e força foram ganhando volume. Chamaram esses devaneios de esperançosos por “terra da promessa”. Na hora mais crucial, essa multidão esfarrapada e sem preparo militar, se encontra diante de um mar intransponível e sem ter pra onde fugir. No seu encalço seguiam tropas querendo tripas, um exército treinado e equipado.
Seria o sonho uma ilusão? Iriam afogar-se no mar ou ser destroçados pela violência das armas? Veriam seus velhos e crianças perecendo ali, justo quando já tinham trilhado juntos uma jornada? Desesperançados e cansados se voltam para Deus, que é companhia e última defesa da gente. E a resposta tão simples, universal e prática: “Por que clamam a mim? Diz pro povo caminhar!”
O mais improvável aconteceu, o povo seguiu o caminho impossível. E colocando pés cansados mas cheios de vontade à caminho, o caminho foi se abrindo, foi-se tornando realidade e surgindo ao longo do pisar. Pulsão e fome de vida!
Na Vila Cruzeiro eu vejo muita gente seguindo no caminho. Acordando 4h30 para trabalhar, servindo ou se ocupando em projetos sociais sem nenhum amparo do faraó. Mas à nossa maneira que é a maneira de Deus, como a gente pode e sem depender de ninguém. Pagando as contas injustas e transformando nossas vidas.
Vamos pisar e abrir esse mar de possibilidades reais. A liberdade depende da nossa pisada firme.