Ruas vazias, medo, insegurança e morte. Não é uma guerra convencional, o inimigo é invisível. É uma guerra biológica com perdas humanas e econômicas semelhantes a qualquer outro conflito. Pior: o inimigo desconhece fronteiras e limites geográficos.
O Covid19 é um inimigo novo, mas nem de longe o único que enfrentamos. O Brasil registrou na década de 1980 sua primeira epidemia de dengue, e de lá para cá a população enfrenta altos e baixo na luta contra o mosquito Aedes Egypti, único vetor capaz de disseminar a doença. De 2003 a 2019, o país registou 11.137.664 de casos prováveis de dengue e em 2015 foi registrado o maior numero de óbitos: 863.
O mosquito Aedes Egypti também é o vetor de transmissão de outras arboviroses (a classificação “arbovírus” inclui toda doença transmitida por insetos), como dengue, Zika vírus, febre Chikungunya e febre amarela.
Foram registrados, de 2003 a 2019, 239.634 casos prováveis de Zika vírus (que pode ser transmitido por relação sexual e da gestante para o feto); de 2014 a 2019, 589.076 casos prováveis de febre Chikungunya, com 495 óbitos, e no boletim epidemiológico de 2017/2018 tivemos o maior índice de febre amarela: 1.376 casos, com 483 mortes.
Em 2018 o país enfrentou a volta do vírus do sarampo, com ocorrências em 11 estados: um total de 10.326 casos e 12 óbitos. Apesar de ser uma doença infecciosa aguda, transmissível e extremamente contagiosa, a única prevenção se dá por meio da vacina tríplice viral, com reforço da tetra viral.
Hoje o Covid19 é altamente transmissível e representa grande risco para hipertensos, diabéticos e pessoas com baixa imunidade, como idosos e gestantes. Não há ainda disponíveis vacina ou medicamentos para prevenção.
Confrontando dados epidemiológicos/sazonais, evidencia-se que as áreas mais afetadas por epidemias ou pandemias são periferias e favelas, resultado de péssimas políticas de preservação da vida desde o início da constituição do estado, da colônia à república.
Com escasso acesso a saneamento básico e água potável, o terreno é fértil para a disseminação de surtos, epidemias e pandemias como a atual. O coranavírus não está intimamente ligado à insalubridade das periferias, surgiu na cidade de Wuhan, na China, mas as nossas favelas se mostram prolíferas para a sua disseminação.
Concentração demográfica, becos úmidos e grande quantidade de moradores com complicações de saúde formam o cenário pessimista. Por enquanto, a informação tem sido a arma mais eficiente contra o inimigo viral. Por isto deve ser disseminada e levada a tão a sério quanto o risco de contrair o Covid19.