Crédito: EDUARDO OGATA (reprodução internet)

 

Hoje é a sexta-feira de carnaval, e bem sabemos que aqui no Rio de Janeiro é como se fosse a sexta de carnaval. A cidade literalmente para e tudo fica em em função da festa da carne. Importante dizer que amo carnaval e espero anualmente ansiosa para curtir todos os dias, pois separo fantasia, faço uns caldos e deixo no esquema, planejo todos os dias para qual bloco irei etc.

Gosto porque é uma festa popular e negra, e por isso alguns não gostam, pois foge do comportamento gentleman que parte dos brasileiros querem ter. É quando todos estão nas ruas e todos os prazeres corporais são permitidos, e finaliza com aquele combinado implícito, história de carnaval é história de carnaval, fica lá.

Todos os racistas de uma forma de outra tentam impedir, mas não conseguem, pois não é fácil destruir uma cultura, precisa antes destruir quem a produz: o seu povo. É verdade também que o carnaval virou uma indústria de fazer dinheiro, basta a gente analisar os diversos enredos das escolas, tem alguns que a gente chega a pensar: “poxa, isso realmente deve ser grana, porque não tem nada a ver com o carnaval”. Mas por outro lado, garante a sobrevivência de muita gente, já notaram que todas as ruas viram um grande comércio? Todo mundo vende alguma coisa? Sim, gera divisas para o Rio de Janeiro.

No entanto, vejo que esse período é um anestésico social, pois as pessoas (a maioria) param tudo em sua vida para curtir esses dias; até a Presidente Vargas (avenida principal do centro da cidade) fica fechada para o trânsito para estar em função dos desfiles. E por falar em desfiles, são lindos, espetaculares. A gente precisa mesmo esquecer, nem que seja por algumas horas e dias de todo o terror que é morar no Rio de Janeiro.

Mas é importante salientar que a anestesia dura um determinado tempo e depois passa, e o que fica para a população? Precisamos após os festejos reagir, ir às ruas lutar pelos nossos direitos, por um basta na violência policial. No dia 19/02/2018 há um chamamento para uma paralisação nacional contra a reforma da previdência que prejudicará todos nós. Bora lá compôr o bloco foliões contra a reforma da previdência?!

Sim, estamos em clima de carnaval e penso que devemos realmente curtir o máximo que pudermos, mas sinceramente não gostaria de acreditar que a única preocupação é o planejamento de carnaval para sair nos blocos. Temos que saber que a quarta-feira de cinzas será bem cinza, sem muitos motivos para a alegria. Bora reagir enquanto é tempo. Como disse o poeta Geraldo Vandré: “quem sabe faz a hora” e a hora é agora.

Ah! Nada de fantasias de “nega maluca”, “negão avantajado” ou de “índio” isso também é racismo. Fica a dica!!!