“Não significa que está tudo dominado”, alerta Ivana Bentes, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, abrindo a segunda roda de conversa na Casa da Favela, sobre a periferia global, na Flip. “Vamos começar com a Marcelle, dos Jornalistas Pretos, porque a emergência desses grupos diz muito sobre as pautas que vamos discutir aqui.”
Novamente com sala lotada, Marcelle Chagas se apresenta. Ela coordena a Rede de Jornalistas Pretos, dialogando globalmente pela representatividade. “Começamos a reunir as pessoas em um grande grupo de mensagens, a coisa reverberou. Recentemente fizemos uma premiação dos jornalistas negros e um encontro internacional de jornalistas da diáspora.”
Talles Lopes, falando pela Mídia Ninja, cobra que o poder público perceba o “acúmulo enorme dos últimos anos na cultura e na comunicação. Não precisamos só da cultura como linguagem, nem comunicação como ferramenta. Precisamos de políticas públicas”.
Ivana Bentes é uma atenta mediadora. Contextualiza e reposiciona o diálogo: não podemos confundir a comunicação institucional, governamental, com a das periferias, que existe, está estabelecida e tem iniciativas altamente competentes. “Desculpa gente, sou mediadora, vamos lá.”
Novos rumos da comunicação comunitária
André Fernandes, fundador e diretor da Agência de Notícias das Favelas (ANF), relata algumas soluções de captação de recursos da ANF Produções, com publicidade governamental e privada. O relato é relevante porque a melhora da qualidade técnica da imprensa de favelas atinge um ponto histórico crucial: daqui em diante, sem grana, não rola.
Naine Terena lembra de um crime desses dias, jornalistas sequestrados e espancados por capangas de fazendeiros no Mato Grosso do Sul. “A gente precisa reconstruir imaginários, subjetividades, identidades. A comunicação que fazemos chega à ponta.”
Ivana Bentes pontua: “Partindo da cultura, você faz uma quantidade de articulações que o discurso político tradicional não consegue atingir. Foi o que a extrema direita fez.” Em sua fala densa, rápida e clara, lança pepitas teóricas. E passa a palavra.
Na conversa com a plateia, Talles Lopes lembra que Bolsonaro, ar dar entrevistas para inexpressivos veículos de comunicação, gerava engajamento, tornando-os relevantes do ponto de vista da quantidade de seguidores, obtidos instantaneamente.
“Só pra poder fechar em relação ao nosso tema: em um país continental, temos que pensar grande, não vai ter alternativa se não articularmos circuitos, redes.”
A próxima roda de conversa da Casa da Favela, a terceira e última do dia, é Experiências Inspiradoras: extensão e inovação.
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