Assim como a população negra e outros grupos minoritários reivindicam representação nos espaços de protagonismo e poder, de forma parecida aquele que é natural de Paraty só vai se entregar à energia da Festa Literária Internacional de Paraty quando enxergar seus pares mostrando que a literatura é uma possibilidade.
O cenário tem mudado lentamente, muito porque boa parte da nova geração – mas não só – entendeu que a festa é de Paraty e não em Paraty. A Flip está reconhecendo que é preciso mudar a ordem. Há uns seis anos, literaturas plurais começaram a despontar nas rodas de rimas, nas produções audiovisuais e na musicalidade.
Parte dessa mudança está ligada a pelo menos duas possibilidades. Jovens estão retornando das universidades e olhando para a cidade com outra perspectiva. Além disso, produtores culturais e artistas de fora experimentaram o calendário sociocultural frenético e escolheram morar aqui. A química reage.
A Casa da Favela, estreando na grade de espaços parceiros em 2023, surge como uma vitrine para a produção literária de margem e das periferias do país, assim como reconhece a importância de comunidades periféricas locais como Ilha das Cobras e Mangueira, áreas que também abrigam, de modo significativo, a força econômica, artística e cultural de Paraty.
É lá o endereço dos mestres e mestras, os intelectuais do cotidiano. Juntas, as duas comunidades, Ilha das Cobras e Mangueira, abrigam quase 10 mil pessoas, de um total de 45 mil. A história do desenvolvimento das favelas e comunidades brasileiras são parecidas. Expropriação, progresso vazio e fatores étnico-raciais marcam essas realidades.
A mestra Laura Mariá, do Quilombo do Campinho, escreveu um samba chamado “Renovação” e o refrão diz: “A roseira brotou, deu flores, anunciando uma nova estação. O inverno foi causticante, enfim primavera surgiu trazendo a renovação”.
O convite foi feito. Agora é continuar lutando para ser cada vez mais plural. Paratienses, consumam a Flip e as literaturas. A Casa da Favela também é sua!
PROGRAMAÇÃO DE HOJE NA CASA DA FAVELA
11h – Os futuros pela favela: diálogos insurgentes provocados pela Periferia Brasileira de Letras
Anderson Lima (Kitembo/PBL)
Isadora Escalante (Baixada Literária/PBL)
Phillipe Valentim (Rolé Literário/PBL)
Vanessa Almeida (Ecomuseu de Manguinhos/PBL)
Juliano Fiori (Alameda)
MEDIAÇÃO: Felipe Eugênio (Fiocruz/PBL)
15h – O impacto psíquico do capitalismo neoliberal nas periferias
JRoberta Eugênio (MIR)
Joelson Ferreira (Teia dos Povos)
Juliana Henrique (psicanalista e historiadora)
Moderação: Gabriel Tupinambá (Alameda)
MEDIAÇÃO: Juliana Henrique (psicanalista e historiadora)
18h – Da periferia para o mundo: a busca pelo futuro em tempos de catástrofe
Thiago Canettieri (UFMG/Alameda)
Sabrina Fernandes (Alameda)
Felipe Eugênio (PBL/Alameda)
Tulio Custódio (Alameda)
MEDIAÇÃO: Juliano Fiori (Alameda)
19h30 – Lançamento da Revista Negro em Cena, de Ierê Ferreira
20h30 – Samba e funk com Pipa Vieira e DJ Grandmaster Rapahel
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