Celular é a nova galinha?!

Crédito: Reprodução internet.

Quando matar para roubar um celular é proibido. Porém, matar para recuperar o celular roubado é permitido. Fica claro que se busca preservar não é a vida e a urbanidade, mas, sim, a propriedade privada.

Partindo dessa premissa, ou desse exemplo genérico, porém, realístico, nos colocamos a dialogar com o título do texto. Afinal, que diabos celulares e galinhas têm em comum?

Houve um tempo em que o furto de galinhas era o delito mais comum em terras brasilis. Pouco se ouvia falar em crimes de maior potencial ofensivo. Não se sabe se era pela ausência dos “Datenas” da vida contemporânea ou por sua raridade mesmo. Com isto, os ladrões de galinhas eram a “clientela do sistema penal” da época.

Sem comparar o quantitativo de pessoas encarceradas ontem e hoje, o dano entre o furto de uma galinha e de um celular concentram – vejam bem o recorte -, na punição imposta ao infrator, o mesmo grau de reprovação coletiva e atenção do Estado. Para confirmar, basta ver a fama passada e o ar pejorativo da expressão “ladrão de galinha” e os sem-números de posts de ódio cobrando mais punição ou celebrando agressões aos infratores de pequenos crimes contra o patrimônio.

Tanto ontem como hoje os grandes crimes cometidos neste Estado – agora falo do Rio de Janeiro especificamente -, continuam longe dos holofotes e da atenção da população. Seja nas remoções criminosas, higienistas e racistas de Pereira Passos e Eduardo Paes, nas negociatas de Cabral, Garotinho e Pezão e na relação prostituída entre Alerj e Governo do Estado, enquanto insistimos em concentrar os olhos no sumiço de galinhas e celulares, os grandes crimes são cometidos à base de canetas e canetadas.