O governador do Rio, Wilson Witzel, ordenou que a exposição ‘Literatura Exposta’ fosse encerrada neste domingo (14), um dia antes do previsto. Uma performance do coletivo de artistas És Uma Maluca, que faz referência à tortura durante a ditadura militar no Brasil, seria encenada nessa data.
A obra “A voz do ralo é a voz de deus”, onde duas mulheres nuas interagem durante a performance, foi o que ocasionou essa decisão. Segundo o governador, foi “descumprimento de contrato” que o levou a embargar a exposição porque supostamente os organizadores não avisaram ao governo de que haveria uma performance envolvendo nudez no espaço.
“A Casa França-Brasil é administrada pelo estado e havia sim uma exposição autorizada pelo secretário de Cultura e nessa exposição não havia nenhuma performance humana, muito menos com nudismo. Então a questão não é a performance, não é o coletivo e não se trata de censura. Trata-se do descumprimento do contrato. O contrato foi descumprido e uma vez descumprido, ele não pode ser executado no espaço público”, disse Witzel.
“Essas circunstâncias precisam ser avaliadas previamente, até por questões da Vara da Infância e Juventude. O fato em si daquilo que iria ser exposto não tem, da minha parte, absolutamente nenhuma censura. Eu só preciso saber previamente o que vai ser realizado dentro de um órgão público. Então, infelizmente, eu recebi a informação do secretário de Cultura de que haveria uma exposição com nudismo, com mulheres e não importa qual seria o tema daquela performance humana. Mas no contrato não havia essa performance humana e não fomos avisados. Por isso o secretário me comunicou que a decisão era não permitir que a Casa França-Brasil ficasse aberta em razão do descumprimento do contrato”, acrescentou.
“Censura à exposição Literatura Exposta! Fecharam nossa exposição um dia antes da data oficial como forma de impedir que as performances da finissage acontecessem. Comuniquei com antecedência o teor das performances à direção da Casa, foi autorizado e ontem à noite enviaram esse comunicado. Esse é o governo que temos. A arte vai sobreviver aos ignorantes”, escreveu o curador.