A dor e a tristeza me abateram nesses dias com tantas violações nas nossas favelas. Tem sido dias de intensas covardias e ataques contra a vida dos mais pobres. Observo um desencadeamento racista e disseminação de ódio ao povo periférico.
Nos comentários das redes sociais, é nítido o apelo e condenação explicita a nós. Somos colocados no banco dos réus e automaticamente sentenciados, sem direito a defesa. É algo inimaginável e doentio o que está acontecendo nos dias atuais. De que adiantou tanta tecnologia, tanto avanço nos meios digitais e a modernização dos veículos de comunicação se há esse retrocesso mental em grande parte da sociedade?
O que tenho visto é uma briga travada entre uma classe acuada de pessoas que se julgam superiores e nós, que estamos sofrendo as mais diversas atrocidades no meio do campo de batalha, expostos a uma carnificina estatal na qual o extermínio é visível, o sentido literal de massacre é mostrado e narrado por nós sem que ninguém nos ouça, e, quando fazemos coro de pedido de paz, nos são enviadas mais forças militares, dando a entender para a sociedade que é apenas disso que precisamos aqui.
Em vez de criticar, condenar e disseminar ódio, faça algo bom, busque uma transformação nesse cenário. Existem inúmeros grupos que se doam e fazem o bem, coletam doações e fazem mutirões para poder mudar nem que seja pequena parte. Faça algo de bom e vá além de julgar e condenar.
As favelas e periferias, de um modo geral, precisam de infraestrutura, educação, cultura e lazer. Deixem de hipocrisia, de achar que os erros das autoridades competentes são nossa culpa. Os desvios de verba, obras superfaturadas e o uso da imagem das favelas para a promoção de projetos falidos tem sido o estopim de uma série de acontecimentos desastrosos que, em suma, resultam em mortos e feridos – na sua grande maioria, inocentes.
O seu ódio ao povo preto, pobre e favelado tem matado pessoas, tem feito um estrago em seres humanos que não pediram a sua raiva, sua insatisfação pessoal e sua doença psicossocial que têm sido espalhadas como um vírus contagioso e mortal, cujos tentáculos, por onde tocam, faz com que só se reproduzam.