Abolição dos Escravos

Chegou 13 de maio, e daí?

Data de aniversário é para ser comemorada. Então porque será que os afrodescendentes não querem comemorar?

A Princesa Isabel pôs fim à escravidão no país em 13 de maio de 1888, através da Lei Áurea. A Escola de Samba Unidos de Lucas, na zona Leopoldina do Rio, desfilou com um lindo samba o qual dizia: “Num sublime pergaminho, libertação geral. A princesa chorou ao receber, a rosa de ouro Papal. Uma chuva de flores cobriu o salão. E o negro jornalista, de joelhos beijou a sua mão. Uma voz na varanda num passo ecoou meu Deus, meu Deus está extinta a escravidão”.

Comecei a procurar o porquê não se comemora o dia 13 de maio em relação à libertação dos escravos. Descobri quando li o livro de Hélio Santos, “A busca de um caminho para o Brasil: a trilha do círculo vicioso” – Ed. SENAC, São Paulo, 2001-465 páginas. Vale esta resenha: O racismo é examinado neste livro pelo professor Hélio Santos, mostrando como o negro e o negro-mestiço voltam sem cessar aos mesmos constrangimentos, prisioneiros de um círculo vicioso. O livro apresenta um projeto de transformação no campo econômico, introduzindo conceitos como o da ‘tecnologia da inclusão’, instrumentos para desenvolver e implantar ‘políticas massivas de inclusão’. Esses e outros conceitos formam os passos do caminho que conduz à unificação dos dois ‘Brasis’ descritos pelo autor.

Andei um pouco mais e me vi obrigado a fazer também um resumo na história: A campanha abolicionista foi um movimento social e político ocorrido entre 1870 e 1888, que defendia o fim da escravidão no Brasil. Termina com a promulgação da Lei Áurea, que extingue o regime escravista originário da colonização do Brasil. A escravidão havia começado a declinar com o fim do tráfico de escravos em 1850. Progressivamente, imigrantes europeus assalariados substituem os escravos no mercado de trabalho. Mas é só a partir da Guerra do Paraguai (1865-1870), que o movimento abolicionista ganha impulso. Milhares de ex-escravos que retornam da guerra vitoriosos, muitos até condecorados, se recusam a voltar à condição anterior e sofrem a pressão dos antigos donos. O problema social torna-se uma questão política para a elite dirigente do Segundo Reinado.

No fim destes caminhos percorridos, descobri finalmente o porquê não se comemora este fato histórico. É que a escravidão no Brasil foi abolida em 1888, mas, no entanto, no Brasil e em outras partes do mundo, em pleno século XXI, essa prática ainda é desenvolvida. A escravidão pode ocorrer em forma de trabalho rural ou exploração sexual, como ocorre em diversos lugares do planeta, especialmente no leste europeu e países da CEI (Comunidades dos Estados Independentes).

Aqui, a escravidão é mais constante no campo. Isso tem ocorrido com certa frequência, trabalhadores oriundos da Bahia, Piauí, Maranhão entre outros, são recrutados para trabalhar principalmente no interior da Amazônia. A pessoa responsável por aliciar os trabalhadores é chamada de gato, essa promete bons ganhos e boas condições de trabalho, como os trabalhadores geralmente são pobres, oriundos de lugares castigados pela seca onde não conseguem emprego para sustentar suas famílias, aceitam a proposta. Para aumentar o drama, na área urbana, a população trabalhadora afrodescendente, encontram-se na base da pirâmide social com os piores salários, mesmo qualificados e os jovens favelados estão sendo exterminados.

Desta forma, é melhor continuar fazendo as feijoadas no dia 13 de maio festejando apenas o dia do Preto Velho. Então, Saravá!