Pela terceira vez no ano, as chuvas torrenciais causam problemas à cidade do Rio. Em fevereiro, seis pessoas morreram em decorrência das fortes tempestades na capital carioca. No carnaval, os desfiles das escolas de samba estiveram na iminência de cancelamento, pois com o temporal da sexta-feira, dia 1 de março, a avenida Marquês de Sapucaí, como muitos outros pontos da cidade, ficou completamente alagada. Ontem, em 4 horas, choveu entre 100 mm e 200 mm em vários bairros da cidade, o que é mais do que todo o esperado para o mês de abril. A meteorologia explica que essa quantidade de água se deve ao cavado meteorológico e à baixa pressão atmosférica, que são circulações de ventos em sentido horário, forçando que o calor e a umidade se concentrem numa só área, formando, nesse espaço, muitas nuvens de chuva.
O que intensifica ainda mais essa situação é que a água do mar está mais quente, provocando sua maior evaporação. No Rio de Janeiro, os ventos na direção sul e sudoeste no litoral carregam ainda mais umidade e os morros também contribuem para maior propensão a chuvas.
Na Rocinha, Pavão-Pavãozinho, e no Dona Marta, sirenes já foram acionadas para alertar os moradores. Até o momento da publicação desse texto, quatro mortes foram confirmadas e ocorreram no Morro da Babilônia, no Leme e na Gávea e em Santa Cruz. A Defesa Civil aponta alerta vermelho na cidade, o que significa que é recomendado que as pessoas fiquem em casa e desliguem os disjuntores das residências.
Aulas foram suspensas nas instituições públicas de ensino superior e na maioria das de educação básica. Pela manhã, não havia trens da Supervia saindo da Central. Estações como Olaria e Oswaldo Cruz estavam fechadas no início do dia e foram reabertas por volta das 11h. O MetrôRio informou que, apesar do funcionamento nesta terça-feira, o Metrô na Superfície opera com intervalos irregulares. Vários ônibus tiveram suas rotas alteradas, atrapalhando o dia dos moradores do Rio.
O governador Wilson Witzel declarou ponto facultativo, hoje, para os servidores do estado. O prefeito Marcelo Crivella se pronunciou sobre a situação da cidade ainda ontem:
“É muito difícil, quando a chuva é forte, como foi nessa noite, que a gente consiga evitar todo esse caos que você relatou, mas a Prefeitura está atenta, com todas suas equipes na rua reparando. E espero que, de madrugada, a gente consiga fazer com que a cidade volte à normalidade”.
As reclamações da população foram muitas, especialmente pela diminuição do orçamento para prevenção de enchentes feito pela prefeitura nos últimos cinco anos. 77% da verba com o controle de enchentes foram reduzidos. O valor passou de 288 milhões de reais para R$ 66 milhões. Parte da ciclovia Tim Maia desabou, pela quarta vez, durante mais uma chuva torrencial. Ninguém se feriu.