Hoje era para ser mais um dia de festa na cidade. Mas esqueceram de avisar aos traficantes. No dia de hoje, acontecem vários conflitos armados no Rio de Janeiro: Maré, São Carlos, Santa Marta, Nogueira e, claro, na Rocinha.
Há mais de dez anos, o então governador Sergio Cabral apresentava seu projeto mirabolante para resolver de vez o problema da violência no Estado. Quando a primeira UPP foi instalada, alguns especialistas em segurança e sociologia louvaram a iniciativa do governo e chegaram a declarar que, pela primeira vez, o carioca podia comemorar pois viveria numa cidade tranquila.
Outros estudiosos alertavam que só a presença policial militar nessas áreas não seriam suficientes para mudar a realidade de centenas de milhares de moradores de favelas. Era preciso investir nas áreas de saneamento, saúde, educação, cultura e cidadania. Nada disso foi levado em consideração.
Nos primeiros anos, até que conseguiram diminuir a violência em favelas ocupadas. Mas todos sabem que existiu um acordo tácito entre traficantes e policiais para diminuir a ostentação de armas de fogo de grosso calibre. A cada dia, ficava mais claro que o projeto das UPPs tinha o objetivo de dar uma sensação de segurança aos moradores do asfalto e aos turistas que viriam ao Rio para a Copa da Mundo e os Jogos Olímpicos.
Passado o eldorado, hoje vivemos a mesma percepção de violência de níveis pré UPP. A PM nunca matou tanto e também nunca perdeu tantos militares assassinados. Hoje, várias comunidades da cidade, inclusive ocupadas, vivem conflitos armados entre traficantes, policiais e milicianos.