Com o intuito de levar a ciência para onde as pessoas estão, o canal do youtube “Nunca vi 1 cientista” criou uma série desmentindo as notícias falsas sobre o novo coronavírus. As cientistas Laura de Freitas e Ana Bonassa, foram as percussoras do projeto que nasceu em 2018 e que hoje divulga ciência de forma acessível e divertida, conquistando até o público fora da bolha de quem naturalmente já se interessa pelo assunto do canal. Segue abaixo a entrevista onde Laura e Ana respondem questões acerca da olhar das pessoas para a ciência atualmente e também sobre como é ser mulher na ciência.
- Quais são as conquistas do projeto e quais as dificuldades encontradas?
Nossas conquistas são atingir pessoas fora da bolha de quem naturalmente já se interessa por ciência. Temos conseguido isso principalmente com temas onde respondemos perguntas do cotidiano. Chegamos a salões de beleza, entregadores de aplicativo e até mesmo em pessoas que negam a ciência. Atingir essas pessoas com o nosso conteúdo e vê-las se tornarem seguidoras e multiplicadoras das postagens é a maior conquista, sem dúvida. Outras envolvem sermos inspiração para o trabalho e carreira das pessoas, além da “conversão” de quem não acreditava muito nas coisas, incluindo antivacinas. E as dificuldades envolvem principalmente lidar emocionalmente com pessoas agressivas que deixam comentários pejorativos, o famoso “hate”.
- Qual a importância de mulheres ocuparem espaços na ciência e divulgação científica?
É difícil nos relacionarmos com conteúdos e carreiras onde não nos sentimos representados. A ciência sempre foi vista na história como algo de homens, e o Brasil tem caminhado a passos largos para mudar esse cenário, mas ainda enfrentamos preconceitos e encontramos setores exclusivamente masculinos, particularmente a divulgação científica, é só ver quem são os nomes mais famosos e mais antigos nessa área todos homens. Mulheres devem ocupar esse espaço para dar voz às cientistas que já existem e inspirar as cientistas que virão. Temos relatos de meninas adolescentes que se inspiraram em nós, Laura e Ana, para escolherem ser cientistas no futuro.
- Qual a motivação para a série de publicações desmentindo fake news acerca do coronavírus?
Nossa motivação é sempre informar as pessoas de forma cientificamente correta, e fazê-las se interessar pela ciência e aprender a buscar fontes confiáveis de informação. Dessa forma, elas podem fazer escolhas mais seguras sobre tudo. Desmistificar fake news já era algo que fazíamos de rotina, com a chegada da Covid-19 apenas mudamos o enfoque. Esse tipo de trabalho é importante porque muitas das informações falsas colocam a vida das pessoas em risco e disseminar a informação correta pode salvar vidas.
- Quais os impactos que o canal causou aderindo a esse tipo de trabalho?
Atingir pessoas novas, que não nos conheciam, especialmente fora da bolha da ciência, e passaram a nos acompanhar e ver que somos muito comprometidos com a qualidade e veracidade daquilo que publicamos. Com a construção da credibilidade, nossa comunidade começa a entender como a ciência funciona e aprende a desconfiar de relatos duvidosos e informações potencialmente falsas.
- O que vocês dariam de conselho para cientistas que buscam traçar o mesmo caminho e fazer divulgação científica acessível?
Tenham empatia, se coloquem no lugar do outro e usem a mesma linguagem que você usaria para falar com um amigo.
Para acompanhar o trabalho do “Nunca vi 1 cientista” basta seguir seu canal no Youtube e acompanhar o perfil do Instagram do projeto.