Classes A e B acham normal receber auxílio emergencial destinado a pobres

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Um terço das famílias consideradas classes A e B solicitou auxílio emergencial de R$ 600 e 69% delas tiveram o benefício aprovado. A mágica é simples: omite-se a renda familiar e declara-se apenas a parte que se encaixa nas regras. São, na grande maioria, esposas, jovens que vivem com os pais e idosos aposentados de 3 milhões 890 mil famílias em que pelo menos um integrante se habilitou ao benefício. O Instituto Locomotiva fez o levantamento com 2.006 pessoas em 72 cidades entre os dias 20 e 35 de maio.

O auxílio emergencial se destina a trabalhadores informais, micro-emprendedores individuais (MEI) e desempregados fora do seguro desemprego. Para se aprovado, deve ter renda per capita de R$522,50, ou renda familiar de até três salários mínimos. O presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, conduziu pesquisas qualitativas com pesquisados com renda familiar de R$1.780 mensais por pessoa e constatou que ninguém admite ter cometido qualquer fraude. As justificativas mais comuns que ouviu foram “sempre paguei impostos e nunca tive nada em troca do governo” e “a crise está difícil pra todo mundo”.

Pedir e receber auxílio emergencial com declarações falsas ou incompletas é crime de falsidade ideológica e estelionato. A questão é que as pessoas têm uma sensação de impunidade muito arraigada. O ministro-chefe da Controladoria-Geral da União, CGU, Wagner Rosário, informou no final de maio que estão em apuração 160 mil possíveis irregularidades no pagamento dos R$600 pelo governo, entre eles 17 mil sócios de empresas.