A abertura da exposição “Arte Afro-bahiana – Negra Fest 2024: OKE ARÔ OKÊ”, acontece nesta quarta-feira, 22, às 18h, na Galeria de Arte Contemporânea Paul Bardwell, localizada no Colombo Americano em Medellín, sede Centro. Entre as obras, destaca-se “Eu Baobá” da artista visual baiana Lívia Passos, que é colaboradora da ANF em Salvador. Criada com materiais de coleta seletiva, a obra exposta ressalta a importância da conscientização ambiental e da ancestralidade.
“Sem ser usada em um paciente, deixo a lateral adesivada para entenderem que não foi utilizada. É muito importante falar sobre a coleta seletiva, arte, cultura e ancestralidade. Por isso essa obra, eu enquanto mulher-árvore, filha de Oxóssi e cuidadora da natureza”, afirma a artista.
Lívia Passos iniciou seu trabalho artístico em 2016, no hospital onde trabalhou por 30 anos. Ela utiliza resíduos hospitalares não infectantes, como papel, plástico e isopor, classificados conforme a Resolução da Diretoria Colegiada 222/18 do Ministério da Saúde.
Além de Lívia Passos, a exposição contará com obras de outros artistas notáveis, como Andressa Monique, Amanda Tropicana, David Sol, Ludmila Lima, Nathê Ferreira, Quel Silveira, Raimundo Carvalhier y Cátia Janaina, TarcioV e Sagaz.
Organizada sob a curadoria de Juci, a mostra é inspirada no mito iorubá de Oxóssi, o protetor das florestas. Segundo a tradição, os animais imitam perfeitamente os gritos que invocam os espíritos ancestrais. A exposição busca explorar as conexões entre arte, espiritualidade e natureza, apresentando dez obras de artistas contemporâneos da Bahia, selecionadas por sua estética e valor singular, utilizando técnicas mistas típicas da arte urbana, como grafite, fotografia, vídeo e desenho.
Segundo a curadora Juci Reis, “Okê Arô Okê” carrega significados profundos sobre arte e espiritualidade, destacando a necessidade de reconexão com a natureza e o diálogo entre saberes ancestrais. Para ela, Oxóssi é como um baobá que se estende desde a mente até os pés, simbolizando o respeito e a troca de conhecimento entre a Bahia e Medellín.
A curadora ressalta que algumas peças artísticas tratam do “corpo metafísico”, como perspectiva de incorporar outros significados que estabeleçam conexão com o arquétipo do Orixá Oxóssi, por meio do entrelaçamento das manifestações de matrizes africanas na Bahia, com as práticas artísticas.
A mostra recebe apoio da Flotar Programa, uma instituição que visa promover a circulação de obras em galerias de África de Língua Portuguesa. Alguns artistas da exposição já estão confirmados para exposições individuais em Angola e Moçambique no segundo semestre de 2024, como Lívia Passos, David Sol, Amanda Tropicana e Ludmila Lima.