Bixa preta, quilombola do Barro Preto, periférica, interiorana de Jequié (Bahia) que saiu da casa aos 12 anos por acreditar que podia driblar a fome e as dificuldades para sobreviver, Diego Morais, mais conhecido como Dih Morais, morador do bairro de Nazaré, em Salvador, lança coleção de bolsas inspiradas em Orixás.
Intitulada ORIgens, que significa cabeça e ponto de partida, a coleção tem ganhado repercussão por onde passa, inclusive nas redes sociais, onde a marca é bem presente. Feitas de tecido impermeável, couro sintético e alças de náilon, as bolsas trazem consigo os elementos da religião Matriz Africana.
“Eu busquei marcas que produzisse algo para a religião de Matriz Africana e encontrei algumas, porém não com as mesmas ideias que eu pensava, daí pensei. porque não produzir para os nossos? fui lá e fiz. ORIgens é falar da nossa ancestralidade, nossas origens enquanto reis e rainhas que foram arrancados de seus tronos”, contam Dih Morais
Trazendo elementos que se identificam com os senhores do ORI, o processo de criação do designer vai muito além de apenas uma criação, é o momento de conexão e busca de referência no Orixá escolhido pelo cliente.
“Busco referência de determinado Orixá que estarei trabalhando como: cor predominante, elemento e assim busco a combinação de cores que melhor fica para que seja uma apresentação desejada pelos clientes”, explica Dih.
Fomentar o afroempreendedorismo é uma tarefa difícil e para quem escolheu trabalhar com imagens de uma religião que até hoje é vista com olhares preconceituosos se torna um desafio ainda maior. Produzindo desde 2016, criando, confeccionando, vendendo e fazendo o próprio marketing nas redes sociais, Dih Morais conta que é difícil encontrar apoio, mas que é gratificante enxergar a conclusão dos seus trabalhos.
“É sobre não ter apoio daqueles que estão em um patamar diferente do nosso e que poderiam de fato somar, mas que fecham os olhos para não querer nos enxergar. Dar conta de tudo é muito difícil e ser aquele que desenvolve todas as funções, mais ainda. No final, é gratificante pois sei que tem um pedaço de mim em todos os trabalhos” relata o designer.
As bolsas do baiano já fizeram parte da composição de acessórios de modelos em desfiles, como, Desfile da Resistência que acontece em Salvador, EXPO de moda, também na capital, além do desfile de moda Jorge Andrade, grande amigo e estilista.
Segundo Dih Morais, em breve será lançada uma nova coleção de MAXBAGs, que terá em conjunto um ensaio fotográfico da edição especial SANKOFA, edição que surgiu como sequência da coleção RAÍZES.
“A coleção Raízes abordou a importância de nossas raízes e reconhecer quem somos e de onde viemos. E SANKOFA é também sobre isso, adquirir conhecimento do passado.
Na edição RAIZES teve depoimentos/vivências de muitas pessoas através de vídeo e uma delas foi do BABA Rychelmy que dizia, “se você não sabe de onde veio, você não sabe para onde vai”.
Morador do bairro de Nazaré, na capital baiana, Dih Morais é mais um sobrevivente, passou por diversos obstáculos. Aos 21 anos, foi morar em Recife apenas com a cara e a coragem, mas encontrou dificuldades a ponto de ser ambulante na praia. Aos 30, veio para Salvador, por querer e sentir a necessidade de estar mais próximo da família. Com 34 anos teve a oportunidade de conhecer a Espanha, onde aproveitou o momento fez curso de vitrinismo e ilustração de moda na Escuela Superior Marcelo Marcías, cursos que o fizeram acreditar na ideia de que tudo poderia ser possível.
As peças podem ser encontradas na rede social do artista/marca @dihmoraiss
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