Entre os meses de janeiro a junho de 2023, o Coletivo DUO fará uma turnê para celebrar os 13 anos de existência, com apresentações gratuitas em diversas cidades da Bahia.
A temporada terá o apoio financeiro do Estado da Bahia, por meio do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda, Fundação Cultural e Secretaria de Cultura, com atividades formativas e cinco espetáculos do seu repertório – O Barão da Árvores, Em busca da Ilha Desconhecida, Jonas: dentro do grande peixe, Memórias do Fogo e a mais recente montagem O Caminho dos Mascates.
Fundado em 2010 por Saulus Castro e Jonatan Amorim e, atualmente, composto pelos multiartistas Saulus Castro, Marcos Lopes, Israel Barretto e Denisson Palumbo, o projeto Duo 13 anos passará por treze municípios baianos – Salvador, Itabuna, Camacan, Canavieiras, Ilhéus, Rio de Contas, Andaraí, Morro de Chapéu, Lençóis, Ribeira do Pombal, Tucano, Cícero Dantas e Euclides da Cunha. Uma viagem que parte da capital baiana, pega as rodovias da esquerda em direção às cidades da Chapada Diamantina no coração da Bahia, desce para a região sul do Estado, em seguida e, por fim, o Sertão baiano.
Agenda
Em Janeiro de 2023 ocorrem as primeiras paradas nas ruas e praças de Salvador – as praças João Martins (Paripe); Reginaldo Ribeiro de Souza (Cajazeiras); Dorival Caymmi (Itapuã) e Dendezeiros (Ribeira), serão palco dos infanto-juvenis O Barão nas Árvores (14 e 15, às 16h) e Em Busca da Ilha Desconhecida (21 e 22, às 16h).
Em Fevereiro será a vez da comédia musical adulta O Caminho dos Mascates que apresentará o Largo da Madragoa (Ribeira), dias 2, 3, 4, 5, e no Largo da Mariquita (Rio Vermelho), nos dias 9, 10, 11 e 12, sempre às 16h. Em Março e Abril será a vez dos espetáculos de palco com montagens adultas Jonas: dentro do grande peixe (Março, dias, local e horário a serem definidos) e Memórias do Fogo (Abril, dias, local e horário a serem definidos).
No interior da Bahia, serão apresentados os infantis O Barão nas Árvores e Em Busca da Ilha Desconhecida, e a circulação se inicia em Maio, de 11 a 14, pela região da Chapada Diamantina – Rio de Contas, Andaraí, Morro de Chapéu e Lençóis. Ainda em Maio, de 25 a 28, o Sul da Bahia recebe o repertório DUO 13 ANOS – Itabuna, Camacan, Canavieiras e Ilhéus. Por fim, em Junho, de 08 a 11, o Sertão – berço inspirador de algumas obras do Coletivo – será palco para os espetáculos – Ribeira do Pombal, Tucano, Cícero Dantas e Euclides da Cunha.
Além dos espetáculos, o Coletivo DUO realizará atividades formativas por meio de oficinas teatrais, coordenadas e ministradas pelo ator e diretor Antônio Fábio, e da mediação teatral com escolas públicas da Bahia, coordenada por Poliana Bicalho, para aproximar jovens e adolescentes da multilinguagem que forma o grupo – teatro, literatura, poesia, cordel e música
“Com o DUO 13 ANOS poderemos compartilhar um pouco de nossa arte com diversas regiões da Bahia, mobilizando diretamente o trabalho de cerca de 30 profissionais da Cultura. Para um coletivo artístico, para a economia, para os públicos, para tanto, é imprescindível este apoio financeiro que estamos tendo do Edital Setorial de Teatro, pois através dele fomentamos e difundimos nosso repertório, trabalhos que têm na constância e continuidade seu modo de produzir e fazer sentido”, pontua Saulus Castro.
Repertório
Nesse derivar, solos, espetáculos coletivos, musicais, integrantes multilinguagem e que no tempo-espaço já assumiram múltiplas funções. Poeticamente, o Coletivo DUO traz em suas montagens estéticas teatrais que se aproximam do fantástico, permeadas pelo exercício do imaginário e pelo amplo espectro de realização de suas dramaturgias, buscando sempre por fabulações que convirjam a musicalidade e o lirismo, e que toquem em temáticas políticas-sociais, flertando com a comédia e o drama.
Neste percurso de 13 anos, o DUO abordou a potência do sonhar trazida por José Saramago com a obra infanto-juvenil Em Busca da Ilha Desconhecida (2016), adaptada por Saulus Castro do livro “O conto da Ilha Desconhecida”. No ano de 2017, o conflito desmedido de um casal vivenciado pelos atuantes Saulus e Gabrielle Santana, em meio à promulgação do Ato Institucional n° 5 da Ditadura Militar no Brasil, é o enredo da terceira obra do DUO, À flor da pele, da dramaturga Consuelo de Castro.
No mesmo ano (2017), o quarto espetáculo, Arturo Ui – uma parábola, obra baseada no texto de Bertold Brecht no qual a chantagem, a corrupção e a violência dão o tom. A luta pelo direito à terra, pela vida digna e equânime estão em Arraial, adaptado da obra Antônio Conselheiro, de Joaquim Cardozo (2018), espetáculo que aborda a resistência do povo do Belo Monte (Canudos) traçando um paralelo com o momento político, a descrença e as incertezas que o Brasil vivenciava em 2018.
Também em 2018, surge o primeiro solo do DUO, O Barão nas Árvores, do ator Marcos Lopes, que já tinha integrado o elenco de Em Busca da Ilha Desconhecida e agora integrante do coletivo, espetáculo inspirado na obra de Ítalo Calvino (2018) em consonância com manifestações populares brasileiras para falar sobre proteção do meio ambiente. A obra foi indicada ao Prêmio Braskem, nas categorias Melhor ator e Melhor espetáculo infanto-juvenil.
No ano seguinte, em 2019, mais um solo, Memórias de Fogo, com Saulus Castro – que também dirige e assina a dramaturgia, uma fábula lírica e não-linear que vai debater o poder e o panorama político brasileiro daquele momento. Esta montagem é inspirada nas obras As veias abertas da América Latina e na trilogia Memória do fogo, de Eduardo Galeano.
Através da poética do realismo fantástico, Saulus Castro estreia mais um solo em 2021, com dramaturgia de Denisson Palumbo (que passa a integrar o coletivo em 2020) e direção de Rino Carvalho, Jonas: dentro do grande peixe (2021), que utiliza a história de um homem que é engolido por uma baleia para falar sobre o indivíduo, a solidão, o renascimento e a sociedade. Este espetáculo foi indicado em 4 categorias pelo Prêmio Braskem: Direção, Ator, Texto e Cenografia.
Por fim, em 2022, o DUO estreia a comédia-musical O Caminho dos Mascates, que traz à cena os atores Israel Barretto, Marcos Lopes e Saulus Castro, texto de Denisson Palumbo, e direção de Elisa Mendes, primeira mulher a dirigir um espetáculo do Coletivo. A partir de um universo distópico, no qual a Região Nordeste se torna independente do restante do Brasil após a Vitória na Guerra de Canudos contra as forças militares do Estado brasileiro, esta comédia musical de rua aborda a extrema e acirrada polarização que se engendrou após a criação da Muralha dos Sertões no meio do país, dividindo-o em duas Nações.
Com O Caminho dos Mascates, o DUO novamente vai discutir sobre identidade, território e poder, e nos leva a pensar, “os Brasis que temos, as muralhas que nos afastam, que nos segregam”, sendo a muralha “a própria lida, os impedimentos constantes para que a nossa sociedade avance”. “Chamamos este percurso artístico do Coletivo Duo de mirante-espelho: porque não há como realizar nossos projetos sem discutir os contextos sócio-históricos e políticos de nossos territórios, sem duvidar e questionar o espírito do tempo. Nosso repertório é um reflexo de nós mesmos, de quem somos e de como agimos em relação com o mundo”, pontua Saulus Castro.
Deste repertório, cinco espetáculos entram em circulação, montagens que fortalecem o poder coletivo e obras que valorizam a individualidade de seus integrantes. O projeto DUO 13 anos foi contemplado pelo Edital Setorial de Teatro em 2019 e tem apoio financeiro do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda, Fundação Cultural do Estado da Bahia e Secretaria de Cultura da Bahia.
A criação
Quando criado em 2010, o Coletivo – apesar do nome Duo – não remetia ao dois, à dicotomia, à dualidade. “O nome se refere à potência dos encontros como única possibilidade equilibrada de existência no/com o espaço-tempo: o convívio, o relacional”. o DUO se inicia com o objetivo de aprimorar a prática teatral dos seus integrantes e o local de encontro foram salas cedidas pelo Colégio Central da Bahia. Depois da entrada de Saulus Castro na Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia, o trabalho passa a focar o treinamento/vivência do(a) atuante. Foi quando surgiu a primeira obra, ‘deriva’ (2014 – com Saulus e Uerla Cardoso).
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