Talvez você ainda não tenha ouvido falar no Coletivo Pé de Poeta de Teatro da/o Oprimida/o. Para ajudar você a entender do que se trata, seguem algumas informações sobre o grupo e suas respectivas atividades.
O coletivo é formado por adolescentes e jovens da periferia Lauro de Freitas- Ba, região metropolitana de Salvador. Apresentam suas performances, nas favelas, quilombos, praças, escolas e/ ou teatros. Ministra oficinas formativas de teatro, capoeira, danças afro- brasileiras e princípios da religião de matriz africana.
O grupo surgiu em 2017, a partir de uma oficina formativa, realizada na Casa da Musica em Itapuã, em Salvador, pelo Professor Armindo R. Pinto. Depois desse momento algumas pessoas continuaram com a formação em artes e ficaram se reunindo no Espaço Verde, um quintal no mesmo bairro, como a maioria do grupo reside em Lauro de Freitas, os encontros passaram acontecer na Praça da Matriz do município. Atualmente 10 pessoas formam o coletivo.
O coletivo realiza diversas atividades, a exemplo do III Encontro Sem Fronteiras de Teatro da/o Oprimida/o, em 2017 que reuniu mais de 100 participantes, de 5 países e 10 estados do Brasil, além de pessoas da própria cidade de Lauro de Freitas. E a Jornada de Teatro da/o Oprimida/o da Bahia e o Fórum Popular de Cultura” A Arte em tempos de Barbárie”. Sem verbas ou apoios, atuando de forma autônoma.
Há 2 anos o coletivo está em cartaz com o espetáculo África em Nós. Que traz no roteiro, A árvore do esquecimento, o navio negreiro, as fugas e lutas, e o quilombo. Unindo as técnicas de Boal, às danças afro brasileiras e a capoeira. Atuando também com temas diversos da Europa. O que reforça a necessidade de manter as culturas ancestrais, e a luta contra os preconceitos e opressões, principalmente pela população negra.
O elenco foi convidado para apresentar no exterior, precisamente nos palcos franceses.
Uma obra com essa expressividade rendeu o convite para ser apresentada no Théâtre de l’ Oprimmé de Paris, em Julho deste ano, o Théâtre é dirigido pelo Brasileiro Rui Frati, que fez para participar do MigrAction 21, um encontro de grupos de vários países, que atuam com o Teatro da/o oprimida/o. O grupo fará, além da apresentação, oficinas para mostrar todo processo de criação para o espetáculo.
Para viajar para França, o grupo precisa de R$ 25 mil, pagar custear as despesas da viagem (passagem, alimentação, hospedagem). Para conseguir esse valor, os integrantes do coletivo estão promovendo uma vaquinha online e vendendo camisetas, bonecas abayomi, passando o chapéu nos eventos, recitando poesias, que estão no espetáculo.
Além de desenvolver essas ações, apoia grupos e associações de luta contra a desigualdade, o racismo, o machismo, homofobia, intolerância religiosa, e questões afins. Seja com apresentações ou oficinas gratuitas. Dependendo da instituição é solicitado cachê (ajuda de custo).
Para ajudar o coletivo, acesse https://www.vakinha.com.br/vaquinha/515249
Sem espaço, o coletivo ensaia ao ar livre, na Praça da Matriz, Lauro de Freitas.
É relevante dizer, que o método teatro da/o oprimida/o, propõe, que cada indivíduo ou grupo social represente a si mesmo, não precisando de quem fale em seu nome, e é o que fazemos. Os temas surgiram com improvisações e necessidades dos participantes e, também é debatido com as pessoas. “É a forma lúdica de combate às opressões como o racismo, a homofobia e afins”.
Para Gabriel Oliveira, integrante do coletivo, o teatro é a liberdade de expressão corporal e contribui para melhorar o vocabulário. “Foi onde eu descobri realmente quem eu sou”. Antes do teatro ele se limitava ao bairro em que mora, visando ser o seu lugar de segurança. E através do teatro criou coragem para começar a tomar rumos na minha vida, aumentou o interesse para estudar, com o intuito de entrar na universidade. “Através do teatro descobri talentos, para capoeira, arte circense e música”.
Colaboraram para a realização desta matéria:
Gabriel Oliveira, Viviane Santos, Fernando, Vitor de Matos, Romário, Leila. Vitória Santos.