Gaza vem sendo objeto de disputa com o povo de Israel há mais de três mil e quinhentos anos. O mito de Sansão, que derrubou as portas de Gaza, foi capturado e aprisionado na cidade, quando finalmente conseguiu destruir o templo de Dagon, ecoa através dos séculos. No entanto, esses 3.500 anos não consistem apenas em guerra incessante; houve períodos de relativa paz entre as partes envolvidas.
Porém, de 1948 para cá, com a independência de Israel e seu Estado estabelecido, Gaza se tornou um refúgio para os palestinos e, posteriormente, uma grande cidade de presença do povo da Palestina, desempenhando um papel importante na aspiração da ONU de um Estado palestino propriamente dito.
Hoje, todos nós, até os desavisados, vemos o que está acontecendo em Gaza. Um pequeno grupo terrorista, composto por cerca de 40 a 45 mil membros – entre os 2 milhões e 300 mil habitantes da cidade –, construiu uma extensa rede de túneis subterrâneos que abriga a população.
Neles, estão incluídas escolas, hospitais e serviços essenciais. Infelizmente, quando Israel lança seus ataques, elas caem sobre inocentes sob o pretexto que as bombas são tão poderosas que vão chegar até os túneis embaixo. Enquanto isso, milhares de inocentes se tornam vítimas fatais de tal violência.
E o que isso tem a ver com as comunidades e favelas do Rio? É mais ou menos a mesma lógica. O Estado de Israel, enfrentando um grupo muito menor em Gaza, invade, ataca e bombardeia a comunidade em geral, resultando na perda de vidas inocentes. Esta lógica trágica reflete o que ocorre nas comunidades cariocas.
Após 50 anos de envolvimento direto, residindo, convivendo e colaborando ativamente com as comunidades do Rio de Janeiro, em especial em locais como Vigário Geral e o Santa Marta, através do meu amigo André Fernandes, é evidente que as semelhanças com a situação em Gaza não podem ser ignoradas.
Durante essas décadas, testemunhei a trágica repetição da mesma lógica de perda de vidas e da cidade. Isso começou nas intervenções militares que participei contra operações policiais que alegavam visar traficantes, e que posteriormente evoluíram para o surgimento das milícias atuais.
Ninguém vai vencer guerra nenhuma de extermínio, do terrorismo, jamais. Não faltam peças para reposição de todos aqueles que eles matam. Essas políticas ineficazes alimentam a ânsia de vingança e perpetuam a violência nas comunidades do Rio de Janeiro e do Brasil. É uma questão para ser tratada não com repressão, nem com polícia, mas com acolhimento, com hospitais, com prontos-socorros.
A descriminalização do uso de drogas tem que acontecer imediatamente. Do contrário, nós vamos ter uma guerra permanente de um Israel fardado de PM ou de exército com a cara do Rio e invadindo as Gazas cariocas indefinidamente.
Caio Fábio
Pastor, escritor e um dos maiores pregadores do Evangelho no Brasil
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