Uma das principais produtoras de música clássica no país, a Dellarte acaba de comemorar 40 anos de atividades. Criada pela pianista Myrian Dauelsberg, trouxe ao Brasil importantes nomes da cena clássica internacional.
Abriu o mercado russo realizando sua primeira turnê com a Orquestra de Câmara de Moscou, em 1982, quando o Brasil estava sob a ditadura militar, mas seu grande orgulho foi ter popularizado esse mercado que sempre foi visto como elitista no país.
Desde a sua fundação, foram mais de 5 mil eventos realizados. Steffen Dauelsberg, Diretor Executivo da Dellarte Soluções Culturais, conversou com a coluna Favela S/A.
Como foi o processo de democratização da cultura na Dellarte?
Começou com a presidente Myrian Dauelsberg. Quando professora, ao descobrir alunos com grande aptidão que não podiam arcar com os custos das aulas, ela mantinha o ensino porque acreditava que não poderia nunca desperdiçar um novo talento. E isso se aplicou também na sua vida empresarial. Muito antes de contrapartidas sociais, incentivos fiscais, a Dellarte já fazia uma série de ações de popularização da música clássica, com concertos educativos, comentados e didáticos. E, a partir do momento em que começamos a trazer grandes grupos e orquestras para o Brasil, essa dinâmica se manteve, levando para todos os eventos um público que estaria assistindo a concertos pela primeira vez.
A Dellarte tem parceria com escolas e instituições públicas ou de comunidades? Quais? E como é proporcionar a eles a entrada em espaços que, inicialmente, lhes seriam inacessíveis?
Sim, temos muitas parcerias com instituições educativas como, por exemplo, o Colégio Pedro II. Estamos no segundo ou terceiro ano desenvolvendo ações educacionais com eles, sempre dentro da proposta de estarem se preparando para uma maior fruição das informações e dos espetáculos. Fazemos muitas palestras nas próprias unidades. Eles são muito vibrantes, tanto o corpo docente quanto o discente. E isso nos dá muito prazer em realizar.
Você acha que essa iniciativa serve para também descobrir novos talentos nessas áreas, como bailarinos, músicos, cantores de ópera? Tem o conhecimento de algum que tenha se destacado a partir dessa oportunidade?
Certamente. Ao longo desses anos, com essas ações, despertamos o interesse de muitos músicos e bailarinos de se aprofundarem nas suas áreas. É assistindo, ouvindo, sentindo e recebendo informação que a gente sabe aonde pode chegar e o que deseja alcançar. Por meio de projetos que apoiamos, como a Orquestra Sinfônica Mariuccia Iacovino e a CIA. BEMO – TMRJ, Companhia Brasileira de Ballet, exportamos muitos talentos para fora do país e outras orquestras. É muito bom saber que apoiamos e inspiramos muitos novos talentos.
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