Nesta quarta-feira, 10, às 6 horas, no Farol da Barra, em Salvador, acontecerá o ato simbólico de denúncia das fragilidades que as populações vulneráveis da capital baiana estão expostas durante a pandemia. A atividade é uma realização do Comitê Comunitário Virtual de Monitoramento das Ações de Enfrentamento da COVID-19 nos Bairros Populares de Salvador, e será marcada pela exposição dos descasos que os moradores vêm enfrentando diante do rápido avanço da transmissão do novo coronavírus nas comunidades.
Ação é resultado do monitoramento realizado nos últimos três meses que aponta para o descaso dos órgãos públicos no enfrentamento ao avanço da transmissão da COVID-19 nas comunidades empobrecidas da capital baiana.
O ato simbólico vai acontecer respeitando as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e dos serviços de saúde locais para evitar aglomeração e com os participantes utilizando Equipamentos de Proteção Pessoal (EPI), e tem o objetivo de dar visibilidade à ausência de intervenções efetivas contra o avanço da doença nos bairros populares.
Entre as reivindicações destacam-se: ambulâncias nas unidades de saúde nos bairros, distribuição de água sanitária e sabão para a população dos bairros; educação em saúde, comunicação e capacitação em covid-19 para a população e os profissionais das unidades de saúde dos bairros; transporte coletivo gratuito com aumento da frota nos horários de pico; testagem em massa; ampliação do serviço de Telecoronavírus 155 para 24 horas; garantia de acolhimento e amparo as mulheres, crianças e adolescentes em situação de violência doméstica, entre outras.
De acordo com o relatório “A Distribuição Espacial do Coronavírus nos Bairros de Salvador – 14 de março a 02 de junho”, elaborado pelo Comitê, os números de casos confirmados e a taxa de incidência (risco) de contaminação nos bairros empobrecidos cresce diariamente. Nesse período, Salvador registrou 10.561 casos confirmados do COVID-19, destes 63,7% estão localizados em bairros empobrecidos, 27,3% em bairros de classe média e 9% em bairros de classe média alta.
Para Zezé Pacheco, integrante da Comissão Pastoral das Pescadoras e Pescadores (CPP), é necessário ações efetivas para conter o avanço da doença nos bairros, “uma vez que são as pessoas desses locais, que historicamente têm condições de vida desfavoráveis, que terão menos chance de se salvar. É uma população que já sofre por falta de atenção à saúde, que tem situações de comorbidades e grande parte sem a segurança alimentar e nutricional garantida, em condições de moradia muitas vezes precárias e com muitas pessoas em casa sem as condições adequadas para cumprir a quarentena”.
Desde que a Organização Mundial de Saúde decretou estado de pandemia (11 de março) e do início da quarentena em Salvador (18 de março), o Comitê Comunitário Virtual de Monitoramento das Ações de Enfrentamento da COVID-19 nos bairros populares de Salvador vem atuando no sentido de monitorar os dados, mobilizar e articular lideranças e moradores/as de Salvador, universidades e demais setores para assumir um papel de maior protagonismo no enfrentamento do novo coronavírus.
O Comitê é um coletivo formado por moradores de bairros populares, membros de associações de moradores, ativistas de movimentos sociais e de entidades de profissionais de saúde, que se reúnem para levantar as necessidades e demandas dos bairros para os gestores; apoiar e monitorar as ações efetivas preconizadas pela OMS; defender a adoção das ações exitosas da China, Coreia, Venezuela e Cuba, e assegurar que recursos de prevenção, controle, diagnóstico e tratamento cheguem às pessoas que precisarão, evitando assim, que as mortes atinjam desproporcionalmente a população negra e pobre de Salvador.
Para outras informações, procurar Juliana Dias através do telefone (71) 99116-8055.