Como as Infecções Sexualmente Transmissíveis ISTs afetam os portadores

Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde cerca de 1 milhão de pessoas declararam ter tido ISTs. Jovens a partir de 18 anos fazem parte da estatística. A juventude é um dos grupos mais socialmente ativos e também comunicativos.

Entretanto, no que tange à saúde sexual ou às Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s), ainda há um constrangimento de falar sobre o assunto em rodas de conversas.

As ISTs, anteriormente chamadas de DSTs, tiveram a nomenclatura alterada, pois é possível que uma pessoa que tenha a infecção possa passar para outra, mesmo sem apresentar os sintomas. Jovens com 18 anos ou mais fazem parte dessa estatística.

As ISTs podem ser propagadas por meio de atividades sexuais sem proteção e com troca constante de parceiros. No entanto, casais que possuem apenas um cônjuge podem também contrair ISTs. Dentre as mais conhecidas estão o vírus da imunodeficiência adquirida (HIV), sífilis, herpes e clamídia.

Algumas delas têm cura, outras não, como é o caso do HIV, causador da Aids. Pessoas que são portadoras dessas infecções sofrem com a dificuldade da autoaceitação e do preconceito social, podendo desencadear assim, a baixa autoestima.

Crédito: Arquivo Pessoal

Saullo Hipolito tem 29 anos, mora em Aracaju/SE, é jornalista e há quatro anos vive com o vírus HIV. Contrário a maioria dos indivíduos que recebem o diagnóstico, Saullo, após descobrir, quis dar início ao tratamento, sem deixar que isso fosse um obstáculo na sua vida. “O resultado me foi passado em uma clínica particular em Aracaju, por uma psicóloga. Peguei a informação, fui para casa tocar a vida e em seguida buscar o tratamento”, declarou Saullo. No entanto, o jornalista confessa que já sofreu preconceito: “Percebo que muita gente evita o contato, se afasta por saber do vírus.”

A psicóloga Carla Soares faz parte de um serviço municipal de atenção especializada, onde atende indivíduos que vivem com Infecções Sexualmente Transmissíveis. Ela explica quais são os coletivos sociais que têm mais dificuldade na autoaceitação e também que isso depende de quais meios o paciente utiliza para lidar com a situação após o resultado: “Cada grupo social aceita o diagnóstico na
medida do quanto de informações e recursos tem para enfrentar a doença. Pessoas negras, LGBTQIA+ e pobres, por exemplo, já sofrem com múltiplos estigmas sociais e com o HIV ganham mais um rótulo estigmatizante”.

Crédito: Arquivo Pessoal

Apesar de passar pelo processo de exclusão social, Saullo sente-se bem consigo mesmo atualmente. O jornalista conta que descobrir o vírus fez com que ele tivesse uma nova qualidade de vida. “Antes dele eu me alimentava muito mal, era sedentário, [depois do diagnóstico] tudo mudou! O HIV nunca me impediu de viver, de ser quem eu sou”, declarou.

A afirmação de Saullo só reforça a observação que a Psicóloga Carla Soares fez ao longo dos anos em que realizou atendimento às pessoas que vivem com ISTs: “Percebo que alguns mais jovens, que já receberam informação adequada sobre o que é viver com HIV, antes mesmo de terem sido diagnosticados, tendem a aceitar mais rapidamente.”

O apoio e compreensão da família e amigos se faz necessário no processo de autoaceitação do indivíduo. Através da rede social (@infoposithivas) Saullo Hipolito aborda assuntos sobre o vírus HIV, fala da importância de fazer o teste, traz pautas de combate ao preconceito e também dá um apoio às pessoas recém diagnosticadas.

Além disso, o serviço oferecido por psicólogos(as) pode ajudar pessoas portadoras das ISTs a enxergarem um futuro além do diagnóstico, como declara a Psicóloga Carla Soares: “O trabalho da psicologia com esses pacientes ajuda eles a ressignificarem a sua vida após o diagnóstico. Também trabalha a autoaceitação em geral e a aceitação do diagnóstico especificamente”.

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