Circuito Favela Criativa - Alemão 05-06 Set

 

Evento leva dança, música, gastronomia, arte urbana, moda e artesanato a sete regiões do Rio

No próximo fim de semana, 5 e 6 de setembro, o Complexo do Alemão recebe uma verdadeira maratona cultural gratuita. É o Circuito Favela Criativa, com oito horas seguidas por dia de shows de música, dança, arte, moda e muito mais, conectando artistas da periferia e do asfalto. A programação começa às 14h e se estende até as 22h. Entre os destaques, Dream Team do Passinho, Cidinho e Doca, MC Bielzinho e Batalha B-Boy com JP Black.

Durante o mês de agosto, o Circuito passou por Vila Kennedy, Rocinha, Manguinhos, Cidade de Deus e Região Portuária. O projeto finaliza seu percurso nos dias 12 e 13 de setembro na Grande Tijuca, com apresentações aos sábados e domingos, das 14h às 22h, totalizando cerca de 120 horas de eventos.

A programação tem a direção artística de Ernesto Piccolo e Marina Vieira. Mais de 2500 artistas de 400 grupos participarão do evento, se apresentando ou comercializando seus produtos. O evento terá, ainda, oficinas de dança, jogos, literatura e comunicação abertas a todo o público, além de passeios guiados pela favela. Em cada local será montado um grande palco para os selecionados e artistas convidados. A programação completa está disponível no site do Programa Favela Criativa.

O Circuito, que culmina quase três anos de planejamento, representa um investimento de R$ 1.308.000,00 e faz parte do programa Favela Criativa, uma realização da Secretaria de Estado de Cultura (SEC). Resultado da parceria entre o poder público e a iniciativa privada, contando com recursos de R$ 14 milhões provenientes da própria SEC, da Secretaria de Estado de Esporte, Lazer e Juventude, através do Banco Interamericano de Desenvolvimento-BID e do Caminho Melhor Jovem, da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro, da Light, do Programa de Eficiência Energética da ANEEL, e do Ministério da Cultura, o programa é formado por um conjunto de projetos que oferece a jovens agentes culturais  formação artística e especialização em gestão cultural. Além disso, estabelece também canais de diálogo entre esses jovens, possíveis parceiros e patrocinadores potenciais.

O conteúdo e a coordenação do Circuito Favela Criativa são da Mil e Uma Imagens. Apoio: Globo.

E em 2016 haverá mais. O plano é repetir a dose no ano que vem, criando um novo Circuito, integrado à programação cultural das Olimpíadas.

Preparando o Circuito

O Circuito Favela Criativa foi precedido de um mês de intercâmbios entre participantes das regiões que ele engloba. Em junho, produtores, agentes culturais e artistas de diferentes territórios do Rio de Janeiro participaram de uma salutar troca de saberes.

Neste período, moradores que tiveram seus projetos aprovados por uma comissão mista – formada por integrantes das Secretarias de Cultura e Esporte, Lazer e Juventude e por representantes da Mil e Uma Imagens –  puseram em prática suas propostas realizando ensaios e oficinas com os parceiros que eles mesmos haviam selecionado ao elaborar e inscrever os respectivos projetos.

Rocinha, Nova Sepetiba, Complexo do Alemão/Penha, Cidade de Deus, Complexo do Lins, Morro da Conceição, Formiga, Borel, Salgueiro, Turano e Vila Kennedy são alguns dos territórios que participaram do intercâmbio.

Foi o caso, por exemplo do dançarino e professor de dança de salão, Jorge dos Santos Souza, da Academia de Dança Mark e Dance, que funciona no morro do Turano, na Grande Tijuca, que concorreu ao edital com  uma proposta conjunta com o responsável pela quadra da Vila Kennedy, Heraldo Theodoro.  Jorge espera encher aquele espaço com dançarinos de todas as idades  durante o Circuito.

Dança de quadrilha também não vai faltar no Circuito Favela Criativa. Luiz Eduardo Sequeira, presidente do Polo de Desenvolvimento Cultural do Andaraí, organizador da Quadrilha Pode-C, formada por 60 jovens, se encarregará disso. Sua proposta era contemplar os 60 adolescentes da quadrilha com uma peça cenográfica, assinada por Toquinho do Grafite, artista de Manguinhos, acrescentando ao visual do grupo, além de figurinos e coreografia, um novo elemento artístico. E conseguiu, conforme ele mesmo conta.

“Estávamos torcendo para que nosso projeto fosse aprovado e no final deu tudo certo. O período de intercâmbio foi o da fase de criação do nosso cenário. Ele resultou de uma oficina ministrada por Toquinho do Grafite, que teve a participação de 15 adolescentes, alguns deles integrantes da quadrilha, e outros aqui da região. Nossos temas são a natureza e o artesanato. O resultado foi excelente, porque foram criadas árvores de PVC, pintadas com a técnica do grafite. Vamos nos apresentar no Circuito e agora estamos prontos para  concorrer no Campeonato Estadual de Quadrilhas, que é organizado pela Federação de Quadrilhas do Estado”.

A experiência do grupo Contra Bando de Teatro, do Alemão, que se uniu  ao grupo de teatro Arteiros, da Cidade de Deus, também resultou em grata surpresa para os jovens artistas. O Contra Bando de Teatro teve origem no AfroReggae  em 2011, e, após a desativação do espaço da organização, seus componentes resolveram continuar  o trabalho de interpretação e criação teatral de forma independente. Desde 2013 eles ocupam uma sala do Centro de Referência da Juventude na estação Alemão do teleférico. Como contrapartida, o grupo oferece no espaço oficinas de teatro para crianças e adolescentes gratuitamente. A diretora do Contra Bando, Nilda Silva de Andrade, soube do edital da SEC através das redes sociais e, por sugestão de uma amiga, procurou o grupo Arteiros para propor a parceria:

“Tive logo de início muita vontade de participar do projeto, mas aí me dei conta de que não conhecíamos nenhum grupo teatral de outra favela. Fiquei chocada com isso e quando conheci os jovens do  Arteiros, pude ver que, embora sejamos todos moradores de favelas , temos vivências  diferentes e metodologia de trabalho também.  O Contra Bando e o Arteiros, juntos, somam mais de 20 atores.  Nesse período do intercâmbio já fizemos uma intervenção na praça principal da Cidade de Deus, apresentando quatro esquetes.  Está sendo uma experiência incrível  de vida, porque  estamos aprendendo com adolescentes que começaram a fazer teatro ainda crianças e  fazem tudo com muita seriedade. O projeto possibilitou o nosso encontro e está sendo tão bom que temos planos de continuar trabalhando juntos,  para além do Circuito”.

 

Participantes:

Arte Urbana: Coletivo Instituto Mangue Ataque

Artes Visuais: Pra Quem Não Tem / TP-Fotografia;

Artesanato: AICEL; Comunidade de Aprendizagem do Complexo do Alemão; Divas da Criação; Nave 2B3.

Audiovisual: INECC; Maré Vive; Paulo Silva; Raízes em Movimento – Faveladoc.

Comunicação: ANF – Agência de Notícias das Favelas.

Cultura Popular: Filhos do Kikongo

Dança: Portus Cia. de Dança; InayaraRayne Marinho; Projeto Vidançar; Revolução Urbana de Arte; Suave; The Poison; Ballet Manguinhos

GastronomiaAna Lu Festa; Angela Festas; Bar do Pelé; Doces da Vania; Eliza e Filhos; HE Salgado; Linete Lanches; LUmar Buffet; Mestre Oliveira Banda 100; O Rei duFranguisFoodtruck; Panquecas Maravilhosas; Rodrigo Oliveira Haddad; Shalon Sucos.

Literatura: Jose Franklin da Silveira.

ModaFavela é Fashion.

MúsicaCorAlice; Eddugrau; Henryque Reis; Malunga; Nego Zú; Nossa Gangue NG; Nyl MC; Resistência Sonora; Rodrigo Salgado; S.O.M.A.

TeatroContra Bando de Teatro; CTI; Teatro Livre; Os Confrades; Os Arteiros da CDD.

Turismo: Do Subúrbio ao Alemão; Gigatrek.

OutrosJoga Cria