Complexo do Alemão recebe liberação de Wolbitos; técnica já reduziu 75% dos casos de chikungunya em Niterói

Atividade será monitorada por agentes de saúde de Clínica da Família no Alemão - Foto: Yasuyoshi Chiba/AFP

Entre esta quinta-feira, 29, e sexta-feira, 30, agentes comunitários de saúde da Clínica da Família Rodrigo Yamawaki Aguilar Roig, no Complexo do Alemão, Zona Norte do Rio de Janeiro, vão instalar, na casa de moradores próximos à unidade de saúde, caixinhas com ovos do mosquito Aedes Aegypti com Wolbachia. Os mosquitos, nomeados de Wolbitos, fazem parte do método Wolbachia da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e ajudam no combate à dengue, zika, chikungunya e febre amarela.

A Wolbachia é um microorganismo presente em 60% dos insetos, porém o Aedes Aegypti não faz parte dessa porcentagem. Ao ser inserida em ovos de Aedes aegypti, a capacidade de transmissão do vírus fica reduzida. Além disso os outros ovos que surgirem de uma reprodução em que um dos mosquitos possuir a Wolbachia, terão automaticamente o microorganismo, fazendo com que essa população aumente e reduza drasticamente os números de casos de dengue, zika, chikungunya e febre amarela.

As primeiras liberações dos mosquitos com Wolbachia, no Brasil, aconteceram em 2015 em Niterói e na Ilha do Governador, ambos no estado do Rio de Janeiro. Em Niterói, dados preliminares já apontam redução de 75% dos casos de chikungunya nas áreas que receberam os Aedes aegypti com Wolbachia, quando comparado com áreas que não receberam.

Segundo o líder do Método Wolbachia no Brasil e pesquisador da Fiocruz, Luciano Moreira, é importante lembrar que as arboviroses continuam circulando com a pandemia. “Estamos trabalhando em inovações para assegurar que a liberação de mosquitos com Wolbachia, bem como seu monitoramento, possam ser realizados com segurança, diante deste cenário de pandemia”, afirma.

Caixa onde os ovos de Aedes Aegypti com Wolbachia serão inseridos – Foto: Divulgação

No Complexo do Alemão, os recipientes com os ovos ficarão durante três meses na casa de moradores. Os agentes de saúde farão a manutenção ou troca do equipamento de 15 em 15 dias. Além disso serão instaladas também ovitrampas, técnica utilizada para saber com mais rapidez o número de mosquitos com Wolbachia presentes na região.

Além do Complexo, o projeto está em expansão para Campo Grande, Mato Grosso do Sul; Petrolina, Pernambuco; Belo Horizonte, Minas Gerais. Na capital mineira já iniciaram as liberações dos mosquitos com Wolbachia no bairros que fazem parte da região administrativa de Venda Nova.